A farmacêutica Novartis obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para introduzir a primeira terapia radioligante direcionada no Brasil. O tratamento é, no momento, específico para casos de câncer de próstata.
Este avanço oferece uma solução inovadora ao combinar tecnologia de precisão, que atinge diretamente as células cancerígenas, com um elemento radioativo capaz de reduzir o risco de morte em até 38%.
+ Leia mais notícias de Brasil em Oeste
O tratamento é voltado para pacientes que já não respondem a outras opções, como a terapia hormonal e quimioterapia.
Como funciona a terapia radioligante da Novartis?
Recomenda-se o tratamento para pacientes com câncer de próstata em estágio avançado, especialmente para aqueles que desenvolveram resistência ao agente hormonal e à quimioterapia à base de taxano.
A terapia age de forma direcionada, aproveitando um marcador específico presente em exames laboratoriais, o PSMA (antígeno de membrana prostática).
Leia também: “Empresária com câncer cria linha de roupas para pessoas que fazem quimioterapia e hemodiálise“
Assim que o radioisótopo vipivotida tetraxetana (177 Lu) se conecta a esse marcador, ele emite energia que atinge diretamente as células cancerosas, impedindo sua replicação e promovendo sua destruição, sem afetar as células saudáveis, como ocorre nos tratamentos tradicionais.
Desafios logísticos
O processo de fornecer o tratamento no Brasil enfrenta desafios logísticos complexos, já que produzem o medicamento para isso, o Pluvicto, exclusivamente na Itália.
Leia mais:
O fármaco tem um tempo de vida limitado e precisa chegar ao paciente em até cinco dias depois sua fabricação para manter a eficácia.
Para garantir isso, a Novartis criou um sistema eficiente de transporte, utilizando embalagens de chumbo que protegem contra radiação. Eles despacham o medicamento sob demanda e o transportam em cilindros compactos de até 15 cm.
Para otimizar o processo, a Novartis estabeleceu parcerias com diversas companhias aéreas. O alinhamento entre as rotas e horários de voo garante a entrega dentro do prazo, evitando que o fármaco perca sua eficácia.
Leia também: “O mundo de olho no Instituto do Câncer de SP”, reportagem de Paula Leal publicada na Edição 217 da Revista Oeste
Além disso, a empresa simplificou etapas burocráticas com entidades como a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a Anvisa e a Receita Federal, acelerando a liberação do medicamento no país.
A Novartis já acumula experiência no uso desse medicamento em outros países, como os Estados Unidos, onde milhares de pacientes recebem o tratamento diariamente. No Brasil, a empresa planeja iniciar as aplicações ainda este ano, com a capacidade de atender à demanda mensal de forma eficiente.