A cantora Preta Gil, de 50 anos, revelou em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo, 8, que passou por uma cirurgia para amputação do reto no ano passado.
A medida ocorreu como parte de seu tratamento contra o câncer colorretal. Diagnosticada com a doença em 2023, Preta Gil compartilhou recentemente que enfrenta uma recidiva (câncer que retorna depois de ter estado em remissão) com quatro novos focos do tumor.
À emissora CNN Brasil, Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo especializado em cirurgia bariátrica e coloproctologia dos hospitais Sírio-Libanês e Nove de Julho, disse que indica a amputação do reto quando o câncer está localizado na parte mais baixa do reto. Nessa situação, não é possível remover o tumor de outra forma.
+ Leia mais notícias de Saúde em Oeste
“As opções de tratamento mais comuns para o câncer colorretal incluem quimioterapia, radioterapia — e elas podem e devem ser combinadas, terapia-alvo e cirurgia”, explica Barbosa.
Quando essas opções não levam à remissão do tumor, e se ele estiver muito próximo ao ânus, a amputação é necessária. Na cirurgia de amputação, o cirurgião remove o reto e, em alguns casos, também a parte inferior do intestino grosso.
Dependendo do estágio da doença, pode ser impossível conectar as seções saudáveis do cólon, exigindo uma colostomia — procedimento em que o intestino é desviado para uma abertura no abdômen. A medida permite que as fezes sejam coletadas em uma bolsa de colostomia.
“A amputação do reto pode impactar na vida do paciente com mudanças no controle das fezes”, explicou Barbosa. “Podendo haver necessidade do uso de bolsa de colostomia, a depender do estágio da doença.”
45 mil casos por ano
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, entre 2023 e 2025, serão diagnosticados mais de 45 mil casos de câncer no intestino anualmente. A estimativa é de aproximadamente 20 novos casos a cada 100 mil homens e 21 a cada 100 mil mulheres.
O câncer colorretal inclui tumores no intestino grosso (cólon) e na parte final do intestino (reto). Inicialmente, pode ser assintomático, mas, com a progressão, pode causar sangramento ao evacuar, dor abdominal, alterações no trânsito intestinal e mudanças na aparência e consistência das fezes.
Fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal incluem sedentarismo, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, alto consumo de álcool, obesidade, tabagismo e presença de pólipos intestinais.
Diagnóstico do câncer
A colonoscopia é o principal método para diagnosticar precocemente a doença, permitindo a retirada de amostras da mucosa intestinal para biópsia. A cirurgia de desobstrução intestinal também pode detectar a doença, mas geralmente em estágios avançados.
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia recomenda que o rastreamento do câncer colorretal comece aos 45 anos para a população em geral. Para aqueles com histórico familiar, o rastreamento deve ser iniciado 10 anos antes da idade em que diagnosticaram o parente.
Leia também: “O mundo de olho no Instituto do Câncer de SP”, reportagem de Paula Leal publicada na Edição 217 da Revista Oeste
O tratamento do câncer colorretal varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia, medicamentos, imunoterapia e terapia-alvo.
“Outros procedimentos cirúrgicos no tratamento do câncer colorretal incluem ressecção do cólon, dos linfonodos, e, em casos de metástase hepática, pode ser necessário retirar parte do fígado”, afirmou Barbosa à CNN Brasil. “Estes são realizados de acordo com a localização e o estágio do câncer, bem como a saúde geral do paciente.”