Disponível no Brasil por R$ 3,6 mil, um novo exame de sangue identificou corretamente 90% dos casos de Alzheimer, com mais precisão do que os médicos. Os pesquisadores realizaram testes em 1,2 mil pacientes. Eles publicaram os resultados do estudo no periódico médico American Medical Association, neste domingo, 29.
A pesquisa, conduzida na Suécia, revelou que especialistas em demência acertaram o diagnóstico em apenas 73% das vezes. Já médicos que tiveram somente o primeiro contato diagnosticaram em 61%.
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Os especialistas, contudo, recomendam que se faça o exame em pessoas que têm mais de 55 anos. Além disso, esses pacientes devem apresentar o sintoma da doença.
“A taxa de acerto é perto de 90%”, afirmou Fábio Porto, diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer, ao jornal Folha de S.Paulo. “Isso aumenta muito a confirmação diagnóstica e se sai melhor do que a impressão do clínico.”
Como é o novo exame para detectar o Alzheimer
Os cientistas batizaram o teste de PrecivityAD2. O exame mede proteínas no plasma sanguíneo associadas à doença e facilita um diagnóstico mais simples e mais barato.
No entanto, especialistas como Paulo Caramelli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alertam para a necessidade de mais estudos em diversas populações antes de uma adoção ampla no Brasil.
Caramelli disse à Folha de S.Paulo que os testes “têm demonstrado cada vez mais a capacidade de fazer um diagnóstico preciso, principalmente em pessoas com sintomas”. Entretanto, ele considera fundamental investigar os achados em outras populações.
Tanto Caramelli quanto Porto reforçam que os médicos devem fazer o exame apenas em pacientes com sintomas de declínio cognitivo. Segundo eles, não é adequado para pessoas cognitivamente saudáveis.
“Não é para ser usado como rastreio”, disse Porto. “É para confirmar a hipótese da doença de Alzheimer em pessoas já com declínio cognitivo.”
O que dizem os autores do estudo
Os autores do estudo, por sua vez, enfatizam que os médicos devem realizar o exame junto dos testes cognitivos e tomografias. O objetivo é excluir outras causas.
“Defendemos fortemente que os pacientes ainda devam se submeter ao padrão de tratamento atual”, afirmou Oskar Hansson, da Universidade de Lund, na Suécia, em entrevista ao jornal norte-americano New York Times.