“A roda da economia precisa girar”, afirma o prefeito Edmar Dias
A pandemia de coronavírus impôs aos prefeitos uma escolha entre o confinamento parcial ou o isolamento completo, conhecido pela palavra inglesa lockdown, que é bem mais rigoroso por, entre outras coisas, proibir a circulação de pessoas sem autorização. Edmar Cassalho Moreira Dias, prefeito de Camanducaia, decidiu juntar as duas alternativas. Na sede do município, boa parte dos estabelecimentos comerciais, como lojas, supermercados e padarias, permaneceu aberta, com regras rígidas de higiene e controle do número de clientes. No distrito de Monte Verde, uma estância turística, praticamente tudo fechou. Os visitantes foram impedidos de entrar e só agora, dois meses depois, começará a abertura.
As medidas deram certo. Dos oito casos confirmados de coronavírus, quatro estão curados, três permanecem em isolamento domiciliar e apenas uma mulher continua internada, com previsão de alta para esta semana. Como mostra a entrevista abaixo, a receita tem dois ingredientes: uma boa dose de responsabilidade por parte da população e o bom senso dos governantes.
Nos últimos 60 dias, enquanto Monte Verde esteve completamente fechada, diversas atividades comerciais foram mantidas em Camanducaia. Quais os critérios utilizados para cada localidade?
Nos dois lugares determinamos, entre outras medidas, o fechamento de hotéis, pousadas e restaurantes, que só poderiam atender por delivery. Como Monte Verde é uma estância turística, ampara-se basicamente nesses três tipos de estabelecimentos. Os próprios moradores optaram por impedir a entrada de gente de fora. Isso fez com que a cidade ficasse praticamente parada. Camanducaia tem outra dinâmica. Criamos regras para a entrada de pessoas em lojas, supermercados e padarias, além de limitarmos o número de clientes. Também determinamos o fechamento de todos os estabelecimentos às 17 horas. Nosso objetivo sempre foi preservar a saúde dos moradores e prejudicar o mínimo possível a economia.
Por que a prefeitura decidiu flexibilizar as medidas de isolamento depois de dois meses?
Entendo a gravidade da pandemia e sei que esse problema não será resolvido de imediato. O ideal talvez fosse que todos pudessem entrar em isolamento até a descoberta de uma vacina. Isso não é possível, porque as pessoas não têm dinheiro. Hoje, nossa realidade regional permite a flexibilização. Camanducaia teve oito casos confirmados de coronavírus. Destes, quatro estão curados, três permanecem em isolamento domiciliar e apenas uma mulher segue internada. Se eu fosse prefeito de São Paulo, talvez adotasse as mesmas medidas impostas por Bruno Covas.
Como será a flexibilização?
A partir de 20 de maio, hotéis, pousadas e restaurantes poderão funcionar com 30% da capacidade. Esse número será ampliado para 50% em 1º de junho, inclusive em Monte Verde. Estamos criando regras rígidas para evitar aglomerações, treinando fiscais, intensificando ações de higienização e tornando obrigatório o uso de máscara. Em Monte Verde, haverá também um controle forte na entrada da cidade para limitar o número de turistas. Essa decisão será monitorada diariamente. Se chegarmos à conclusão de que não está funcionando, nada nos impede de voltar atrás.
O senhor aprovou a decisão do governador Romeu Zema, que deixou a cargo de cada prefeito o abrandamento do confinamento?
Ninguém melhor que o prefeito para saber a realidade do município. Minas Gerais é um Estado muito grande, cada cidade tem um histórico diferente. Não é viável obrigar um município que tem poucos ou nenhum caso de coronavírus a permanecer fechado. Além da questão econômica, existe a saúde mental dos moradores. As pessoas vão começar a enlouquecer. Também acredito que não adianta exagerar nas repreensões. Quando se faz isso, ninguém obedece.
O senhor foi muito criticado?
Fui criticado tanto quando resolvi adotar o isolamento quanto agora, ao optar pela flexibilização. Parte dos moradores está com medo da doença. Outros estão apavorados com a possibilidade de perder o emprego ou ver seu negócio fechar. Muitos ficam entrincheirados numa posição e não examinam outros pontos de vista. Posso garantir que estamos preparados. Equipamos nosso sistema de saúde, compramos respiradores, adquirimos uma UTI móvel e contratamos profissionais de saúde.
Qual é a situação econômica do município?
Quando veio a pandemia, adiamos algumas obras e, com isso, conseguimos fazer uma reserva financeira. Sabemos que vários moradores não conseguirão pagar os impostos. Estamos calculando uma perda de R$ 10 milhões na arrecadação anual.
Quais os setores mais afetados?
Além de quem vive de turismo, restaurantes e pousadas, os trabalhadores rurais tiveram grandes perdas, porque costumam vender seus produtos em Monte Verde e São Paulo. Para ajudar esse setor, demos mais agilidade à parte burocrática e compramos a produção destinada às escolas para distribuir para as famílias carentes. Muitas crianças não comeriam tão bem em casa se não fossem esses alimentos. Para ajudar os moradores, decidimos postergar o pagamento do IPTU para o segundo semestre. Quanto aos empresários, sabemos que o maior problema para eles é a impossibilidade de trabalhar por imposição do poder público. Se prejudicamos o empresário, prejudicamos o país como um todo. Acredito que quem pode trabalhar deve fazê-lo. A roda da economia precisa girar onde é possível. É preciso pensar não só em Camanducaia, mas em todo o Brasil. Se decretássemos lockdown no cenário atual, de oito casos confirmados, não teríamos como justificar essa escolha para a população.
Realmente tenho que me curvar a boa adm istracao mineira seja no ambito municipal seja estadual.
Quando se iniciou o problema vim para Monte Verde, em 21 de marco. No caminho tivemos ampla fiscalizacao para demonstrar que temos uma casa e iriamos nos isolar.
Alem do sol, agua, ar e sem qualquer movimento comercial a nao ser os necessarios, hoje, 18,5 temos que agradecer aos policiais, com uma gentileza e educacao que nao costumamos ver em nossa querida SP, alem dos zelosos administradores que tornaram nossa quarentena inesquecivel, sem falar da qualidade dos horti/fruti, padaria e o atendimento do SUS local, pois fui atendido recebendo injecoes e receitas de medicamentos que entendia que teria mUita dificuldade de ser atendido
Faz 30 anos que tenho esse domiciio em MV e desta vez senti o prazer de desfrutar do bom entendimento fos governantes e dos comerciantes locais,
Parabens aos dirigentes de Monte Verde, Camanducaia e ao Governo de mainas Gerais