Cientistas descobriram uma caverna na Lua com pelo menos 100 metros de profundidade, que pode ser um local ideal para uma base permanente humana. A descoberta foi publicada na revista Nature Astronomy nesta segunda-feira, 15, conta a Folha de S. Paulo.
Países competem para estabelecer uma presença humana na Lua. Há, no entanto, a necessidade de proteger astronautas da radiação, temperaturas extremas e clima espacial. Helen Sharman, primeira astronauta britânica, disse à BBC que a caverna pode ser um bom lugar para uma base.
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Sharman sugeriu que humanos poderiam viver em poços lunares dentro de 20 a 30 anos. Ela ressaltou, porém, que a caverna é tão profunda que os astronautas podem precisar descer de rapel, usar mochilas a jato ou um elevador para sair.
Lorenzo Bruzzone e Leonardo Carrer, da Universidade de Trento, Itália, encontraram a caverna ao usarem um radar em Mare Tranquillitatis, uma planície rochosa visível da Terra. Foi lá que a Apollo 11 pousou em 1969. A caverna tem paredes íngremes que descem até um piso inclinado.
Formação e comparação geológica
Formada por lava há milhões ou bilhões de anos, a caverna é comparável às cavernas vulcânicas em Lanzarote, Ilhas Canárias, Espanha. “É muito emocionante”, ressaltou Carrer. “Quando você faz essas descobertas e olha essas imagens, percebe que é a primeira pessoa na história da humanidade a vê-las.”
Os pesquisadores acreditam que a caverna pode ser um bom local para uma base lunar. “Afinal, a vida na Terra começou em cavernas, então faz sentido que os humanos possam viver dentro delas na Lua”, destacou Carrer.
A caverna ainda não foi totalmente explorada. Os cientistas, entrentanto, esperam usar radar, câmeras ou robôs para mapeá-la. A possibilidade de existirem cavernas na Lua foi percebida há cerca de 50 anos. Em 2010, fotos de poços lunares sugeriram entradas de cavernas.
O trabalho de Bruzzone e Carrer respondeu à pergunta sobre a profundidade dos poços, mas ainda há muito a ser feito para entender a dimensão completa da caverna. “Temos imagens muito boas da superfície (com resolução de até 25 cm) e podemos ver os locais de pouso da Apollo”, Francesco Sauro, coordenador do Grupo de Cavernas Planetárias da Agência Espacial Europeia, à BBC. “Mas não sabemos nada sobre o que está abaixo da superfície. Existem ótimas oportunidades para descobertas.”
A pesquisa, relata a Folha, também pode ajudar a explorar cavernas em Marte, por meio de evidências de vida protegida dos elementos da superfície. A caverna lunar pode responder questões sobre a história da Lua e do sistema solar, com rochas menos danificadas que fornecem um registro geológico extenso.
Também pode ser esconderijo contra as labaredas do dragão de São Jorge.