Imagine poder observar a evolução do universo desde o big-bang até o presente. Isso já é possível graças à simulação Sibelius-Dark, do projeto Simulations Beyond the Local Universe. Para concretizar a ideia, especialistas usaram milhares de supercomputadores, que trabalharam por várias semanas.
Em formato de mapa 3-D, a simulação mostra as localizações e os detalhes de cinco galáxias: Via Láctea, Virgem, Coma, Perseu e Grande Muralha. A iniciativa foi projetada para analisar as propriedades das leis da física que atuam no cosmos ao longo dos 13,7 bilhões de anos desde o big-bang.
O Sibelius-Dark abrange uma quantidade de informações de até 600 milhões de anos-luz da Terra. Carlos Frenk, o principal autor do estudo, disse que o projeto permitirá que os astrônomos explorem a vizinhança cósmica da Via Láctea, com a mesma facilidade com que conseguem explorar o planeta Terra.
De acordo com Frenk, a simulação está tão próxima da forma real do universo, que aumenta a evidência de que existe “matéria escura fria” (CDL, na sigla em inglês) no cosmos. Os cientistas acreditam que a CDL seria uma “cola gravitacional invisível” que mantém as galáxias unidas.
No projeto, cálculos matemáticos mostram como a matéria escura fria evoluiu ao longo do tempo até que pudesse hospedar galáxias inteiras — como a Via Láctea. “Ao simular o universo como o vemos, estamos mais perto de entender a natureza do nosso cosmos”, disse Stuart McAlpine, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Helsinque, em entrevista à BBC, em 10 de fevereiro.
Teoria da Matéria Escura Fria
A matéria escura é uma substância hipotética que representa cerca de 85% do universo. Ela fica invisível porque não reflete luz e nunca foi observada diretamente por cientistas, porém, os efeitos gravitacionais são uma prova de sua existência. Em linhas gerais, trata-se de uma teoria que tenta explicar a “infraestrutura” das galáxias.
“Acenda uma tocha em uma sala completamente escura e poderá observar apenas o que a tocha ilumina”, explicou a Agência Espacial Europeia sobre a CDL. “Isso não significa que a sala ao redor não exista. Da mesma forma, sabemos que existe matéria escura, mas nunca a observamos diretamente.”
Os cálculos realizados por astrônomos mostram que muitas galáxias seriam despedaçadas em vez de girar se não fossem mantidas unidas por uma grande quantidade de matéria escura.
A publicação da pesquisa está disponível na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Os autores do trabalho são da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e da Universidade de Durham, Reino Unido.