Os mistérios sobre os buracos negros têm cada vez mais sido elucidados com o avanço das pesquisas espaciais. A novidade agora é que astrônomos encontraram pela primeira vez evidências diretas de um buraco negro girando.
Os estudos que levaram a esta conclusão foram relativos ao primeiro buraco negro já fotografado pela humanidade. Os pesquisadores analisaram poderosos jatos de energia emitidos por ele, situado no núcleo da galáxia Messier 87 (M87), a 55 milhões de anos-luz da Terra.
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Os cientistas comprovaram que esses jatos são alimentados pela rotação do buraco negro. A troca de dados foi essencial para a descoberta, feita pelo Event Horizon Telescope (EHT), um consórcio internacional de cientistas conectados com informações de múltiplos radiotelescópios.
O EHT é formado por uma rede de radiotelescópios de 19 observatórios espalhados e interligados pelo mundo. Na prática, a rede forma, segundo o próprio site do EHT, um telescópio gigante virtual com uma antena tão grande quanto a própria Terra. Com a precisão deste telescópio gigante, um jornal de Nova York poderia ser lido sem problemas em um café de rua em Berlim.
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A nova descoberta, sobre rotação no buraco negro, é algo de impacto. Isso reforça a teoria da relatividade de Einstein e pode ajudar a desvendar o mistério dos objetos mais enigmáticos do universo.
“Depois do sucesso na captura da imagem de um buraco negro nesta galáxia com o Event Horizon Telescope (EHT), tornou-se uma preocupação central entre os cientistas saber se ele está rodando ou não”, disse o investigador japonês Kazuhiro Hada, um dos responsáveis pelo estudo, em declarações publicadas pelo jornal The Guardian. “Depois do sucesso da imagem do buraco negro nesta galáxia com o EHT, se este buraco negro está a girar ou não tem sido uma preocupação central entre os cientistas.”
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A ideia de que os buracos negros têm uma atração gravitacional muito forte se tornou uma convicção, principalmente depois da primeira fotografia, há quatro anos.
Descoberta é mais uma a fortalecer a Teoria Geral da Relatividade, de Einstein
Essa nova descoberta, relativa à movimentação, é mais uma que fortalece a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, publicada há 118 anos (1915).
Essa teoria tem cada vez mais se mostrado uma lei primordial, por ter compreendido a influência da gravidade nos movimentos dentro desse campo infinito chamado universo.
Nesse buraco analisado, a força gravitacional é tão grande que nada consegue escapar de seu controle, nem mesmo a luz. Mas, mesmo invisíveis, é possível que eles sejam percebidos.
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Isso ocorre porque um disco de acreção (estrutura de partículas que orbita um núcleo celeste) de gás e poeira rodeia o buraco negro. Ele gira bem na borda do horizonte deste buraco.
O material deste disco de acreção, em parte, é retirado das nuvens de gás e das estrelas e é engolido pelo buraco negro.
Uma parte pequena, no entanto, é expelida, impulsionada a uma velocidade que chega praticamente a ser a velocidade da luz (99,99% desta velocidade, que é de 300 mil km/s).
E o que faz essa parte do disco ser ejetada? Simples, a rotação do buraco negro. Essa pelo menos foi a conclusão tirada pelos cientistas. A hipótese já havia sido levantada em 1918, tempos de Einstein, como uma quase certeza.
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Agora, os cientistas consideraram que as partículas carregadas no disco de acreção produziam um forte campo magnético. Este, então, em contato com a poderosa energia de um buraco negro, era impelido de tal forma, neste encontro energético, que suas partículas eram lançadas em forma de jato.
Esta rede global de radiotelescópios, a EHT, acompanhou, de 2000 a 2022, esses movimentos. E os investigadores acreditam que o jato oscila como um pêndulo, de 11 em 11 anos. Algo que, para nós, humanos, é um longo período. Mas que pode ser ínfimo para o universo, nesta teoria em que tudo é relativo.