No último dia do ciclo de debates promovidos pela plataforma de inovação Lab4Cities Digital em parceria com InovaBra Habitat, nesta sexta-feira, 30, especialistas debateram inovação, logística e ciclologística. Entre os temas discutidos, a importância da logística de distribuição de produtos e alimentos, especialmente diante do isolamento imposto pela pandemia de covid-19.
Os participantes do painel analisaram como a mobilidade pode impulsionar a indústria e fomentar a geração de emprego e renda, em meio à crescente demanda por agilidade e comodidade nas entregas ao consumidor.
“O que mudou nas nossas vidas com o coronavírus? Talvez ele tenha sido um acelerador de futuro, à parte toda a tragédia. Ficamos um ano e meio sem nenhuma capacidade de deslocamento e mobilidade. Uma mudança drástica de comportamento”, destacou o CEO da BDOO, Denis Lopardo. “O resultado disso foi uma explosão do delivery. Menos pessoas e mais coisas se movendo. Estamos falando de logística. O que a gente vê se movendo é o processo logístico.”
Segundo Lopardo, “a logística não perdoa ineficiência”. “Existem etapas nesse processo anteriores à entrega. Existe muita ineficiência e muito desafio no processo logístico, nas empresas em geral. A última milha, seja de caminhão, moto ou bike, é uma consequência do que já aconteceu”, afirmou.
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Na avaliação do CEO da BDOO, “inteligência logística” é “utilizar o modal de entrega da melhor forma possível”. Para ele, o fundamental é falar sobre inovação e compartilhar ideias de forma ampla. “Uma ideia sem o compartilhamento é só uma ideia, não se sustenta. Não vamos cometer o principal erro, de nos apaixonarmos por uma ideia e virarmos as costas para o comportamento da sociedade. Ela está pedindo inovação. A inovação precisa ser aberta, compartilhada”, disse.
‘Multimodalidade sustentável’
Leonardo Lorentz, fundador da Carbono Zero, também destacou a inteligência logística como um dos trunfos para as empresas de entrega. “A gente conseguiu atingir escalas muito diferentes. Conseguimos roteirizar e trazer um pouco daquela inteligência para concentrarmos entregas em uma região”, disse. “Isso faz com que o custo da entrega seja menor e o ganho com a entrega pelo profissional com a bike seja maior.”
Segundo Lorentz, o que a Carbono Zero coloca em prática é a “multimodalidade sustentável”. “Começamos em 2010 a fazer entregas com dois ciclistas pela região central de São Paulo e hoje temos uma equipe de quase 300 pessoas”, afirmou. “Começamos com uma unidade em Minas Gerais há um mês e meio, trazendo produtos de Minas para São Paulo utilizando veículos 100% elétricos.”
Além de Lopardo e Lorentz, também participaram do debate a arquiteta e urbanista Marcela Kanitz, pesquisadora no Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ), e Pedro Francisco Moreira, presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog).
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