Em um debate promovido pela plataforma de inovação Lab4Cities Digital em parceria com InovaBra Habitat, nesta terça-feira, 27, especialistas em mobilidade urbana concordaram que a pandemia de covid-19, que restringiu a locomoção dos brasileiros, serviu para reforçar a necessidade de novas formas de uso do transporte público e individual, especialmente nas grandes cidades do país.
No painel principal do evento, que tratou de inovação e mobilidade integrada, os debatedores falaram sobre as dificuldades do cidadão que se desloca diariamente por meio de ônibus, metrô ou trens, o crescimento de alternativas como o Uber e outros aplicativos e o maior incentivo à utilização de bicicletas.
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Participaram do encontro, transmitido on-line, Maina Celidônio, secretária municipal de Transportes do Rio de Janeiro; Renata Rabello, gerente de planejamento urbano da Tembici; Marcel Martin, coordenador do portfólio de transporte no Instituto Clima e Sociedade; Douglas Tokuno, head LATAM na Waze Carpool; e Victor Andrade, coordenador do Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob) e professor do programa de pós-graduação e urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ).
“A pandemia radicalizou e ampliou isso [as mudanças na mobilidade urbana], com o que chamamos de espaços híbridos. Há uma ampliação da economia do compartilhamento, do uso de aplicativos e novas formas de acessar a locomoção e o entendimento do deslocamento como um serviço”, destacou Andrade. Segundo ele, “inovação e mobilidade integrada são essenciais para podermos quebrar esse padrão e ampliarmos o acesso à cidade”.
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“A gente tem a nossa capital, Brasília, que obviamente tem muitas qualidades, mas mostra muita obsolescência no seu desenho”, exemplificou. “Esse desenho, essa visão de futuro, foi refletida em diversas cidades do Brasil e impactou a forma como nós nos locomovemos. Temos um desenho de cidade extremamente segregado. Isso está atrelado a uma infraestrutura de transportes também muito desigual.”
Bilhetagem eletrônica
A secretária de Transportes da prefeitura do Rio, Maina Celidônio, falou sobre o novo programa de bilhetagem digital anunciado na semana passada, que prevê maior transparência às informações do sistema de transporte público. O objetivo é acabar com a “caixa preta” dos transportes, como chegou a dizer o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Atualmente, as informações sobre despesas e arrecadação das operadoras são reunidas e controladas pelas próprias companhias. A partir do acesso ao cálculo real da demanda e das receitas do sistema de transporte, a prefeitura poderá dar crédito às empresas e ficar com uma porcentagem do faturamento, o que pode levar até à eventual redução no preço da passagem.

“A bilhetagem eletrônica é uma ferramenta muito poderosa que vai nos permitir ter muito mais informação e integração digital, além de informação para o público na hora de pagar o transporte. É um verdadeiro passe de mobilidade”, disse Maina. “Queremos mudar uma remuneração por passageiro por uma remuneração por quilômetro rodado. […] A integração passa a ser um jogo muito natural.”
Em relação às bicicletas, a secretária afirmou que “uma das metas do planejamento estratégico da cidade é ter todas as estações de média capacidade integradas com uma estrutura de bicicletários”. “O Rio tem um apelo muito turístico, da beleza e do lazer. Mas, de fato, queremos usar a bicicleta como um modo de você se locomover integrado ao transporte de massa. A bicicleta é uma última milha importante”, disse. “Estamos planejando a reformulação das estações, já prevendo grandes bicicletários para as pessoas guardarem suas bicicletas com segurança.”
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