Em artigo publicado na Edição 78 da Revista Oeste, Dagomir Marquezi afirma que está na hora de superarmos um processo editorial criado no século 15. “O mercado global de livros digitais abre perspectivas que eram impensáveis”, escreve o colunista.
“Entre os ‘donos’ da cultura, os mesmos mantras são repetidos — ‘Só leio livros impressos’. ‘Gosto do contato físico’. ‘Adoro o cheirinho do papel.’ Ora, quando leio um livro, quero palavras formando sentido e fazendo cócegas no meu cérebro. Não preciso de cheirinho nenhum”, afirma Marquezi.
Leia outro trecho
“No início de 2013, decidi lançar um livro. Preparei os originais e os enviei por e-mail para uma dezena de editoras. Já antecipava a enorme fila de leitores dobrando os corredores do shopping para disputar meu autógrafo. Na realidade, uma única editora me respondeu, informando que meu livro seria avaliado até o fim do ano. E, caso fosse aprovado, teria uma pequena chance de ser publicado no segundo semestre do ano seguinte.
A fila dos autógrafos se dispersou imediatamente na minha imaginação. Decidi que não passaria mais por essa indignidade. Pretendia publicar livros na hora que quisesse, como quisesse, cobrando o preço que decidisse, ganhando pelas vendas de maneira clara, justa e honesta.
Decidi então compreender o processo de autopublicação digital da Amazon, conhecido mundialmente como o formato Kindle. Era simples e gratuito. Eu seria o editor de mim mesmo. Improvisei uma capa. Segui as instruções técnicas na formatação do texto. Quando decidi que o livro estava pronto, apertei o “Enter” e o remeti à Amazon. Algumas horas depois, ele estava à venda no mercado nacional e internacional. Não haveria filas imaginárias para os autógrafos. Mas meu livro era uma realidade. Eu escrevi. Eu publiquei. Eu respondo por ele. Ninguém decidiu por mim.”
Revista Oeste
Além do artigo de Dagomir Marquezi, a Edição 78 da Revista Oeste traz reportagens especiais e textos de J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino, Ana Paula Henkel, Ubiratan Jorge Iorio, Theodore Dalrymple entre outros.
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Uso muito livros digitais. Mas o enunciado não é verdadeiro. O texto só fica disponível enquanto as Big Techs querem e sabem até a página em que você parou. O que anotou. Mesmo com seu aparelho configurado para manter o texto no aplicativo (que também pode ser suprimido) volta e meia descobre-se que um ou outro “voltou para a nuvem”. Daí a recuperá-lo só enquanto o download estiver permitido. A empresa pode falir, deixar de manter o aplicativo. Perder a posse e manutenção da nuvem. E isso é a parte normal. Lembrem-se de que um texto escrito é fiel ao que foi exatamente escrito. Na nuvem ele pode ser adulterado. Um fahrenheit de algoritmos.