O ato em apoio à família Bettim, que recebeu do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) uma liminar de desapropriação da própria fazenda, reuniu mais de 400 pessoas na propriedade dos agricultores, na zona rural de São Mateus (ES), nesta segunda-feira, 6. Produtores rurais articularam a organização do evento, que contou com a participação de autoridades locais e federais.
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Ato em apoio à família Bettim, ameaçada de desapropriação pelo Incra, reuniu mais de 400 pessoas em São Mateus (ES) nesta segunda-feira, 7. Autoridades locais e federais estiveram presentes. pic.twitter.com/CocSWxW7Bj
— Revista Oeste (@revistaoeste) January 7, 2025
O senador Magno Malta (PL-ES) esteve presente, assim como os deputados federais Evair de Mello (PP-ES), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, e Messias Donato (Republicanos-ES). Os três fizeram discursos em defesa da propriedade privada e do agronegócio.
Líderes estaduais e municipais, como o secretário de Agricultura de São Mateus, Edivaldo Permanhane, também compareceram e discursaram, incluindo o deputado Lucas Polese (PL-ES), que acompanha o caso da família Bettim há mais tempo.
![Apoio à família com risco de ser expulsa da própria fazenda reúne mais de 400 pessoas em São Mateus (ES)](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2025/01/DJI_20250106164259_0848_D-scaled.jpg)
Além das lideranças políticas, produtores rurais compareceram em massa. De acordo com uma pessoa presente no evento, mais de 415 pessoas assinaram um abaixo-assinado com um pedido de reversão da liminar que determina a saída da família Bettim até 13 de fevereiro.
A data, determinada pela Justiça do Espírito Santo — a pedido do Incra — é agora a principal preocupação dos Bettim. Participantes do ato de segunda-feira já falam em acampar na fazenda para impedir a remoção da família, que recebeu ameaça de uso de força policial caso se recuse a sair da propriedade, onde moram e trabalham há mais de 50 anos.
![Realizado na propriedade da família Bettim, que se tornou alvo do Incra, o evento de apoio contou com a presença de parlamentares e produtores rurais](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2025/01/WhatsApp-Image-2025-01-06-at-21.16.17.jpeg)
Próximos passos para barrar a desapropriação
A Oeste, Lucas Polese disse já ter entrado com um pedido para estender o prazo de remoção da família, uma vez que a data estabelecida seria no início do período da colheita de café — uma das culturas da fazenda, que o Incra acusa de ser improdutiva — e no início do ano letivo. Dos 16 moradores da propriedade, três são crianças.
“A gente vai inclusive produzir os laudos com a Secretaria de Assistência Social de São Mateus para poder embasar isso”, afirma o deputado.
![Apoio à família com risco de ser expulsa da própria fazenda reúne mais de 400 pessoas no ES](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2025/01/WhatsApp-Image-2025-01-06-at-19.20.44.jpeg)
A equipe de Polese também vai recorrer no processo, a fim de tentar revertê-lo. Ainda não há sentença para o caso, apenas a decisão liminar que ordenou a desapropriação. “O processo está na primeira instância, não tem a perícia judicial até hoje, só prova emprestada”, diz ele. A falta das devidas provas mostra que o processo contra os Bettim é “completamente frágil”, completa.
Diante do ato de apoio na última segunda-feira, o corpo jurídico de Magno Malta também foi incluído na equipe do processo, a qual prometeu entrar com nova ação judicial, em outro tribunal, a favor da família Bettim. O objetivo é tentar correr um processo diferente, com outro juiz, explicou Polese.
Além disso, os deputados federais envolvidos com o caso se comprometeram a fazer um decreto legislativo para reverter um anterior, assinado por Lula. O petista assinou, em 2010, um decreto no qual classifica a fazenda dos Bettim como sendo “de interesse social, para fins de reforma agrária”.
Entenda o caso entre o Incra e a família Bettim
O governo federal, por meio do Incra, tenta despejar os Bettim de sua propriedade há 15 anos. A Fazenda Floresta e Texas é vizinha do assentamento Zumbi dos Palmares, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), presente na área há 26 anos.
![Líderes estaduais e municipais também compareceram e discursaram no evento a favor da família Bettim, incluindo o deputado Lucas Polese (PL-ES)](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2025/01/abaixo-assinado.jpg)
Laudos do próprio Incra já afirmaram que a fazenda tem culturas ativas de café, pimenta e mandioca, assim como criação de gado. Apesar desse reconhecimento da produtividade, feito na primeira inspeção, a entidade classificou a terra como improdutiva e recomendou a desapropriação para reforma agrária, o que resultou no decreto assinado por Lula em seu segundo mandato.
O processo ficou parado nos anos seguintes, mas voltou a correr em 2022. Ainda não houve sentença para o caso, mas uma liminar de dezembro passado determina a desocupação da fazenda até 13 de fevereiro, sob pena de expulsão por força policial. Os Bettim têm passado por angústia desde então, dado o prazo insuficiente para organizar a saída.
Mais uma do desgoverno contra a atividade agrícola realmente produtiva. Um conluio com o MST.
O direito a propriedade é sagrado. Precisamos nos unir para que situações como esta não prosperem. Trata-se do começo do fim do direito a propriedade. Avançarão cada vez mais se não nos posicionarmos.