Criada em junho de 2021, a Associação de Olho no Material Escolar é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo a atualização do material escolar com base em conteúdo científico, retratando a realidade produtora do agronegócio do país.
A administradora de empresas Letícia Zamperlini Jacintho, de 40 anos, preside o grupo. Nascida em Barretos, interior do Estado de São Paulo, Letícia já trabalhou no mercado financeiro. Hoje, ela atua nas empresas da família, algumas ligadas ao agronegócio, é mãe e dedica-se à associação, presente em 12 Estados: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.
A iniciativa, apesar de recente, já chamou a atenção de grandes nomes do agronegócio e está conseguindo avanços significativos para a educação brasileira. “A princípio, os profissionais de educação são bem-intencionados”, explica. “O que falta é informação e conhecimento.”
Em entrevista a Oeste, Letícia comentou sobre o início do movimento e das ações que estão sendo desenvolvidas pelo De Olho No Material Escolar. A seguir, os melhores momentos.
1 — Quando o movimento De Olho no Material Escolar começou?
Aqui em Barretos, começamos com alguns pais fazendo palestras para os alunos nas escolas. Inicialmente, achávamos que o problema era na sala de aula, mas percebemos que o problema estava no material didático, que a questão tinha de ser resolvida nas editoras. Ouvindo um programa sobre agro, soube de uma mãe, Heloisa Sverzut, em Barra do Garças, em Mato Grosso, passando pela mesma situação. Entrei em contato, e nossa rede começou a se formar. A constituição formal da associação ocorreu em junho de 2021. No começo, pensamos que, apenas apontando os equívocos, eles seriam resolvidos, já que o agro é de importância estratégica para o Brasil. Entretanto, percebemos que não seria simples, porque há uma falha de comunicação entre os setores da educação e agrícola. Nesse ponto, decidimos nos aprofundar para entender essa dinâmica.
2 — Existe muita doutrinação ideológica no material didático?
O problema está mais ligado à falta de conhecimento. Está havendo muita repetição de informações que não se sustentam. Os autores estão há muitos anos repetindo a mesma coisa. Não acredito que exista um país inteiro ideologizado. Eu acredito que as pessoas tentam fazer um bom trabalho na educação, mas falta informação de boa qualidade, interesse e vontade para ir atrás do conhecimento. Por isso que o De Olho No Material Didático faz o trabalho de aproximação. Partimos do pressuposto de que é falta de conhecimento. Temos de despertar esse interesse por e pelo agro.
3 — A senhora pode citar exemplos de distorções sobre o agronegócio mencionadas no material didático?
Alguns materiais diziam que a soja do Brasil serve para fazer molho shoyu no Japão, que não a consumimos internamente. O setor é acusado de fazer uso do trabalho escravo, e o material não traz fontes públicas e oficiais do Ministério do Trabalho. Mostram a exceção como se fosse a regra. Alguns materiais também omitem benefícios de consumo de proteína animal para o desenvolvimento do cérebro humano. Além disso, tudo aparece com uma linguagem muito negativa, o que não retrata a realidade. Acredito ser direito dos estudantes conhecer a realidade produtiva do seu país. A educação deveria encantar o aluno, mostrar as possibilidades de desenvolvimento que o setor oferece. Se a gente tira essa oportunidade de a criança sonhar, só passando o lado ruim, fica aquela síndrome do cachorro vira-lata. Não falamos, por exemplo, da coragem dos colonos que migraram da região Sul do país para o Centro-Oeste. Não mostramos os desafios enfrentados e para que patamar eles levaram aquela região. Em vez disso, essa história é contada de modo degradante, como se fosse apenas exploração, sem dificuldades. Como se o dinheiro entrasse fácil no bolso. São histórias de vida, de famílias inteiras que se dedicaram muito para chegar ao patamar produtivo que o Brasil tem hoje.
4 — O que poderia ser apresentado aos estudantes sobre o setor do agronegócio, que hoje não é mostrado?
Não são mostradas oportunidades que existem no setor. Não mostramos as tecnologias usadas, as possiblidades de emprego, não só no campo, mas em pesquisa, indústria e outras tantas formas de crescer com um plano de carreira estruturado, por exemplo. Todo o desenvolvimento da robotização e da genética, que poderia encantar e motivar os alunos, não é mostrado. A tecnologia usada no cerrado, por exemplo, além de ser útil para produzir alimentos, melhorou as condições para a fauna e a flora. Onde estão as plantações, a vida floresce com animais silvestres. A Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura], que é um orgulho nacional e produz muita tecnologia, quase não é citada. Ela seria a fonte ideal para informações fidedignas sobre o agro.
5 — Quais avanços vocês já conseguiram?
Conseguimos contratar a Fundação Instituto de Administração, ligada à Universidade de São Paulo, para fazer a análise profunda dos materiais comprados pelo MEC. O propósito é fazer um trabalho científico para identificar os gargalos em que a falta de informação poderia ser prevenida. Estamos avançando muito com as editoras, conversamos com uma por uma, e ainda conseguimos fazer um evento na Fiesp conectando-as com grandes personalidades do agronegócio, como o presidente da Embrapa, Celso Moretti, e o coordenador da FGV Agro, e ex-ministro da Agricultura e professor Roberto Rodrigues. Conseguimos fazer a ponte para que um agrônomo da Esalq mostrasse um contraponto para cada material, mostrando a evolução do agro e a necessidade de atualização do material. Acredito que estamos acordando a sociedade civil para que ela seja uma grande protagonista nessa história, para que pais e alunos olhem para o material como visão mais crítica, capaz de questionar se o ensino está correto.
Leia também: “O Brasil vai alimentar o mundo”, entrevista concedida por Celso Moretti, presidente da Embrapa, para a Edição 103 da Revista Oeste
Temos que divulgar mais, esses assuntos importantes.
Precisamos de novos olhos em todo o material produzido para o ensino. Os pais devem priorizar conteúdos normais, sem politicagem, sem sexismo, sem ideologia, conteúdos com valores morais, patrióticos e, sobretudo, valorizando a família. Destronar todos os autores sem base científica. Os repetitivos são os piores. Os sem noção então… Cuidado com “autores” que não sabem certas respostas. São coletores de textos aleatórios.
Que forma educada de recomendar a melhora da educação escolar enaltecendo a grande riqueza nacional que é nossa agropecuária. Creio que isto poderá incentivar crianças e adolescentes a conhecer e levar grande população urbana de comunidades carentes ao campo para lá encontrarem seu desenvolvimento.
Contratou a USP pra analisar os livros, mar quá!
O MEC é composto na sua maioria por esquerdistas que atendem a vontade do chefe dos vermelhinhos que está dizendo que quem vai mandar no agro é a turma do stédile.
No caminho tem Bolsonaro com 80% dos votos
Mais uma encima do muro.
Parabéns pela iniciativa. Um bom trabalho nesse sentido, certamente colherá resultados.
O link da reportagem é outro, como fazer pra retransmitir? https://revistaoeste.com/agronegocio/associacao-defense-revisao-imagem-do-agronegocio-escolas/
O título tá errado, mas o link mesmo da reportagem sobre o livro didático
Ótima entrevista.
Esta associação merece o apoio de todos brasileiros que se interessam pela melhoria da educação.
Belo trabalho.
De olho não só no material didático, mas em tudo o que se refere à criança.
Verdade, hj em dia, todo cuidado é pouco!