No início da década de 1980, o pesquisador Arnildo Pott criou uma expressão a partir de suas observações da relação de rebanhos com incêndios florestais no Pantanal. De acordo com ele, o gado desempenhava um papel de “boi bombeiro” no bioma.
Conforme Pott, aposentado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desde 2008, a presença da atividade pecuária funciona como trabalho de prevenção a incêndios florestais em áreas pantaneiras. Ele viu que as queimadas aumentavam de onde se retiravam os bois.
Em seu estudo, Pott afirma que o “boi bombeiro” é responsável, sobretudo, por ingerir a macega. Trata-se de matéria seca, que acaba servindo como facilitador para espalhar incêndios pelo Pantanal.
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A Oeste, Pott revela que chegou a ser “ridicularizado” por defender o conceito de “boi bombeiro” e, consequentemente, a maior presença da pecuária no bioma pantaneiro. No entanto, viu seu trabalho ser atestado com o passar dos anos.
Especialistas reforçam a presença do “boi bombeiro” no Pantanal
Em artigo publicado no fim de junho, o presidente do Sindicato Rural de Corumbá (MS), Gilson de Barros, defendeu publicamente a ideia de que a pecuária ajuda no combate aos incêndios florestais no Pantanal. Assim como o trabalho de pecuaristas.
“O que existe é a atividade pecuária de forma intensa diminuindo a macega, mantendo estradas e com produtores e funcionários de prontidão para atacar qualquer incidente ou acidente de fogo, assim que ele ocorrer — e eles ocorrerão”, afirmou Barros. “Tínhamos a cultura de queimar macegas após as chuvas umedecerem as matas e o solo em geral, proporcionando uma queima pontual e controlada de material desprezado pelo gado e por toda a fauna de herbívoros do Pantanal.”
Também no fim do mês passado, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul assinaram nota em conjunto. As entidades, assim como Barros, registraram que o volume de incêndios florestais cresce justamente onde não há atividade pecuária.
No mês de agosto de 2021, o estudo de Pott ganhou validação por parte de outros dois pesquisadores da Embrapa. Luiz Orcirio Fialho de Oliveira e Urbano Gomes Pinto de Abreu foram categóricos. Conforme garantem já no título, “os bovinos protegem o Pantanal de incêndios”.
Como base, a dupla analisou a situação de Corumbá, município sul-mato-grossense com 64 mil km² de área territorial (11º maior do Brasil), 95 mil habitantes e que ostenta o título de “capital do Pantanal”. “Em Corumbá, no ano em que ocorre diminuição do efetivo bovino municipal, aumenta no ano seguinte número de focos de calor.”
Sem a presença do “boi bombeiro”, o número de incêndios florestais no Pantanal bateu recorde no primeiro semestre deste ano. De janeiro a 30 de junho, foram 3,5 mil focos de calor (nome técnico para incêndios florestais e queimadas), conforme o Aqua, satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Mais detalhe sobre a situação do Pantanal estão na reportagem “O Brasil está pegando fogo”. O conteúdo foi publicado na Edição 224 da Revista Oeste.
Redescobriram mais uma antiguidade!
Quando a Tereza Cristina ex-ministra da agricultura falou em boi bombeiro no governo passado ela foi ridicularizada. Mas ela já falava a coisa certa. Como Luladrão, PT quadrilha e o restante da cambada de doutrinados detestam o agro e em especial a pecuária, duvido q eles se dobrem a essa ideia. Vão preferir deixar o Pantanal em chamas.