Um aumento na produção de trigo em todo o Mercosul e a queda do dólar, que permite importar o cereal por valores mais baixos, e, em menor grau, o recuo das cotações em Chicago, podem ajudar com que os consumidores tenham na mesa um pãozinho mais barato nos próximos meses. O alimentou subiu mais de 6% no último ano.
Devido aos preços excelentes da safra 2020/21, os produtores brasileiros obtiveram lucros inimagináveis — na região Sul ficou em cerca de 25%, o que levou ao crescimento de 8,1% a área plantada no país, de acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção nacional deve ser de 6,94 milhões de toneladas, 11,3% maior do que no ciclo passado, com recordes nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como noticiou Oeste.
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Segundo o analista Luiz Carlos Pacheco, da consultoria T&F, aconteceu o mesmo nos outros países do Mercosul. Na Argentina, a produção vai aumentar para 19 milhões (contra 17,5 milhões no ciclo passado); o Paraguai vai crescer 43%, passando para 1,4 milhão de toneladas, e, no Uruguai, o volume vai atingir 750 mil toneladas.
“São mais 2,2 milhões de toneladas disponíveis de trigo com excelente qualidade, que agora estão chegando ao país a preços menores que o do trigo gaúcho e paranaense”, diz Pacheco. Há duas semanas, uma tonelada de trigo nacional custava R$ 1.650 no interior gaúcho. “Acontece que começou a chegar trigo argentino a R$ 1.628, e os produtores foram obrigados a baixar o preço”, afirma. Agora, o trigo nacional está a R$ 1.450 a tonelada, segundo o levantamento do analista.
Com isso, consumidores de trigo, como padarias e o varejo, entre outros, começaram a pressionar os moinhos pedindo a queda nas farinhas, informa uma reportagem do jornal Valor Econômico. Apesar de ser bom para o consumidor, não tem sido positivo para a indústria, pois os estoques dos moinhos são de trigo que foi adquirido com preço médio de R$ 1.350 a tonelada, mais ou menos o valor pelo qual estão negociando a farinha no momento.
Tendência
A tendência é que, tanto o preço do trigo, quanto da farinha, continuem em queda, pelo menos até o fim do ano, segundo Pacheco. “Não é mau agouro, é pura matemática. Ao contrário do que muitos vendedores de trigo pensam, a tendência dos preços deverá se inverter na safra nova: em 2020, começaram baixos, em R$ 980 a tonelada, e chegaram na safra a R$ 1,7 mil. Agora, o trigo começou a temporada em R$ 1,6 mil no Paraná e R$ 1,5 mil no mercado gaúcho, e deve ficar em R$ 1,2 mil e R$ 1,1 mil em dezembro, respectivamente”, afirma o analista.
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