O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) confirmou maior oferta de trigo para a safra de 2024/2025. As primeiras estimativas foram lançadas pelo governo norte-americano no Fórum de Perspectivas Agrícolas, realizado em 15 de fevereiro. Os dados foram analisados pela consultoria Hedgepoint Global Markets, que divulgou relatório com as informações na última segunda-feira, 4.
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O USDA prevê uma área total de trigo, em 2024, de aproximadamente 19 milhões de hectares. Uma queda em comparação com os cerca de 20,1 milhões de hectares registrados em 2023.
No entanto, essa previsão ainda está acima da média dos últimos cinco anos, que foi de cerca de 18,7 milhões de hectares. Apesar da redução na área total plantada, o departamento projeta um aumento de 2% na produtividade, com rendimento estimado em cerca de 3,33 toneladas por hectare. Além disso, depois do recorde de abandono de terras em 2023, espera-se um aumento de 3% na área colhida, totalizando cerca de 15,5 milhões de hectares.
De acordo com a Hedgepoint, apesar das condições climáticas em fevereiro terem afetado a produção nos principais Estados produtores dos EUA, elas ainda são consideradas melhores do que no mesmo período do ano anterior. Isso mantém a expectativa de um menor abandono de terras e maiores rendimentos.
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O impacto combinado do aumento da produtividade e da redução do abandono, por causa da melhoria das condições de umidade do solo, projeta um aumento na produção, de 51,7 milhões de toneladas. Isso em comparação com os 49,3 milhões de toneladas registrados em 2023/24.
Projeções sobre a safra de trigo nos EUA
Alef Dias, analista de grãos e macroeconomia da Hedgepoint, ressaltou a importância dessas projeções para entender o cenário da oferta nos EUA. “Embora sujeitas a alterações, essas projeções ajudam a fornecer uma boa base para elaborar o cenário da oferta”, explicou. “Munidos dessas informações, atualizaremos nossas perspectivas para a safra 24/25 de trigo dos EUA.”
O relatório também prevê uma queda no consumo doméstico de trigo nos EUA, para 30,8 milhões de toneladas, mas um aumento nas exportações para 21,09 milhões de toneladas em 2024/25, impulsionado pelo aumento da oferta.
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Segundo Dias, as condições climáticas continuam sendo um fator crucial para a produção. Apesar das perspectivas atuais apontarem para uma recuperação em março, há riscos associados a temperaturas mais baixas, principalmente nos Estados do Noroeste, como Idaho e Oregon.
“A perspectiva atual traz um tom baixista sobre a próxima safra, mas há tempo suficiente até a colheita para que as condições do mercado e da safra mudem”, afirmou o analista. “As condições do trigo de inverno estão muito melhores do que nos últimos anos, mas o clima daqui para frente pode trazer mudanças relevantes nas perspectivas de rendimento.”
As previsões para os próximos meses serão influenciadas pelo relatório “Prospective Plantings” do USDA, a ser divulgado em 28 de março, e pelo “Relatório de Estimativa de Oferta e Demanda Mundial Agrícola”, de maio.
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Dias explicou que esses relatórios detalhados serão cruciais para a compreensão do equilíbrio de oferta e demanda de trigo nos EUA em 2024. Ele destacou que a melhoria das condições em Estados como o Kansas em relação a outros pode impactar os preços futuros do trigo nos próximos meses.