Mesmo sendo um dos grandes fornecedores globais de alimentos, a produção do agronegócio do Brasil tem potencial para dobrar sem ampliar a quantidade de terras dedicada à agricultura e à pecuária. A chave desse processo é recuperar a porção degradada das áreas de pastagem por meio da integração com lavouras. Essa estratégia é defendida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Agro e Meio Ambiente é o tema escolhido por Oeste nesta quarta-feira, 3, dentro da série de reportagens “Desafios do Brasil”, que será publicada até o dia 30 de setembro, sempre seguindo a seguinte ordem de temas na semana: segunda-feira (Educação), terça-feira (Economia), quarta-feira (Agro e Meio Ambiente),quinta-feira (Segurança Pública) e sexta-feira (Saúde). Veja aqui a reportagem desta terça-feira 2.
De acordo com a Embrapa, pouco mais de 20% do território nacional é dedicado à pecuária. Metade disso está em condições de baixa fertilidade e pode ser melhorada. Ao mesmo tempo, as lavouras ocupam 8% do solo brasileiro. Ou seja: o equivalente a menos de 50% das áreas dedicadas à criação de gado.
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“Dados do Laboratório de Processamento de Imagens e GeoProcessamento da Universidade Federal de Goiás mostram que cerca de 55% das pastagens do Brasil possuem algum grau de degradação”, disse Celso Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente. “Delas, 16% estavam severamente degradadas em 2019.”
A recuperação dessas pastagens pode aumentar a capacidade de sustentar mais animais por hectare, e os ganhos de produtividade podem ajudar a diminuir a pressão pela abertura de novas áreas nos biomas Amazônia e cerrados, relata o pesquisador. Além disso, a produção vegetal sobre elas promove o sequestro de carbono por meio da fotossíntese — processo em que a planta retira o poluente da atmosfera.
Em entrevista a Oeste, Lourival Vilela, da Embrapa Cerrado, comenta a respeito das “pastagens de baixa produtividade”. Ele explica que a situação dessas terras não é homogênea, existindo vários níveis. No pior deles, além da baixa fertilidade e do solo exposto, existem acidentes, como erosões.
Patrícia Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, explicou que esse desgaste no solo aconteceu em razão do seu uso inadequado. Entre as causas, a criação de animais em número superior ao suportado e o manejo inadequado das plantas forrageiras, vegetação usada para alimentar o gado.
Aumento da produção do agronegócio na mesma área
Os três pesquisadores concordam que a integração de pecuária e lavoura pode promover a recuperação da fertilidade. Vilela disse ainda que esse processo gera uma relação de ganho mútuo. Ele argumenta que a aplicação desse sistema permite o uso pela agricultura sem comprometer a produção de carne, além de dobrar o valor da terra.
“Quando o produtor passa a dominar a rotação entre lavoura e pastagem, ele dobra a capacidade de suporte da fazenda”, afirma Vilela. “E dobrar é o comum. Outras propriedades conseguem ir além.”
Em uma das experiências de integração com agricultura e pecuária monitoradas pelo pesquisador, Vilela observou a redução do período de engorda do gado de 36 para 20 meses, conquistada ao longo de dez anos de melhoria. Além disso, o ganho de peso por dia chegou a 700 gramas por animal, enquanto a média é de cerca de 200 gramas.
Lourival observa que houve a melhora da genética, mas a grande influência veio com o ganho de quantidade e qualidade na alimentação. Atualmente, essa propriedade tem 3,5 mil hectares dedicados à soja com subsemeadura de capim para a pastagem.
Potencial da área de maior produção do agronegócio
Das terras usadas pela pecuária, quase um terço (52 milhões de hectares) está em biomas de cerrado. Para a produção de grãos, em todo o Brasil, são cerca de 70 milhões de hectares ocupados pelo agronegócio. Para termos de comparação, são 26 milhões de hectares que podem ser recuperados para aumentar a produtividade.
Os terrenos nos cerrados possuem menor declividade, o que ajuda na colheita de grãos, como, por exemplo, a soja e o milho — os carros-chefe da agricultura brasileira. Do mesmo modo, as áreas desse tipo tendem a ser utilizadas para a criação de gado de maneira extensiva: solto no pasto.
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Não por acaso, o Centro-Oeste, onde o cerrado é predominante, concentra a maior produção de soja e milho do país, bem como também possui o maior rebanho bovino brasileiro. Em 2021, a região foi responsável por praticamente metade da colheita desses grãos e ainda assim abrigou 36% do rebanho bovino do Brasil.
Incentivos do governo
O governo federal possui algumas políticas que incentivam essa integração. Uma delas é o Plano ABC+, destaca Manzatto, que também coordena a plataforma da iniciativa.
Por meio dele, o governo oferece crédito e apoio técnico para a agricultura de baixo carbono. A iniciativa teve início há uma década. Na lista de ações, estão os programas de Recuperação de Pastagens Degradadas e para a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Sistemas Agroflorestais.
O que falta?
Existem alguns entraves que atrapalham a adoção dos sistemas de integração. Entre eles, os problemas de infraestrutura. Apesar das melhorias na malha ferroviária, a maior parte do escoamento ocorre por meio de rodovias, o que encarece o transporte e deixa o cultivo menos atrativo. E também existe a falta de barracões e armazéns para estoque. Contudo, o maior problema está ligado à conscientização de uma parte dos proprietários rurais.
A integração lavoura-pecuária demanda mais apoio técnico e gestão que a criação de forma extensiva feita em uma propriedade apenas com pasto. A falta de conhecimento sobre os ganhos de produtividade afasta alguns produtores.
Outro problema é a especulação imobiliária feita, principalmente, nas áreas mais afastadas, com menos condições de escoamento. Em algumas propriedades dessas localidades, mal existe produção.
O QUÊ FALTA??!!
VERGONHA NA CARA!
Até que enfim liberaram números, ESTARRECEDORES….e trouxe à LUZ….sobre a INEFICIENTE pecuária brasileira.
VOCÊS que elogiaram….analisaram os números mesmo?!?
O Brasil e sua alardeada pecuária, NÃO PASSA de um planície africana, vive de pastagens naturais, terras pobres, esparsas, não tem maiores cuidados…solta a “vaquinha cara”, com genética modificada…no terrenão.
VOLTO A FALAR!!
ANALISEM OS NÚMEROS antes de defenderem esse modelo de pecuária dos tempos farwest.
PECUARISTAS?!?!
VCS SÃO RIDICULOS….escamotearam a verdade todo esse tempo.
Esses Tipos de “empreendedores”, fazendeiros, herdeiros falidos, etc são, na verdade,
os criadores desse MST, MSTU, ONGs entre outras tranqueiras….
vejam bem!
Não importa que as terras sejam SUA…ao receber recursos estatais, esses recursos NÃO o são..
e se pega emprestimos de bancos estatais e não progride….e fica comprando PICkUp, Mansões, Cavalos etc…dá margem ao MST.
Mesma coisa/conceito dos “herdeiros tranqueiras falidos” de Predios e terrenos em grandes centros…
Não vendem, não reformam, consequentemente não alugam e abandonam prédios inteiros, gerando degradação de bairros inteiros.
O judiciário tem de ser agil e Bancos não devem emprestar para quem não quer progredir
Não tenho o que falar, só desejo o fim dos terroristas do MST
Tanto orgulho de ser brasileira nessas horas, muito obrigada PR Bolsonaro, por ter resgatado nosso patriotismo ❤️
Em algumas áreas de pastagem, isso não pode ser aplicado devido a situação topográfica local que não permite a mecanização das lavouras, mas como já faz muitos anos que não lido com isso, hoje talvez deve ter maquinário adequado para uso nessas áreas, estou bastante defasado nesse assunto.
Numa área de pastagem com a terra extremamente compactada com o pisoteio do gado, passa-se uma grade aradora e faz todo o preparo necessário para o plantio, por exemplo de milho e após a colheita da lavoura, temos a palhada e as sementes que ficaram no solo, brotam com o capim renovado com toda a força. Esse tipo de rotação de culturas já é uma técnica já consagrada e muito eficiente, novamente a Embrapa difundindo boas ideias.