O fracasso da agricultura orgânica do Sri Lanka
No início do ano passado, o presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, decidiu proibir o uso de pesticidas e fertilizantes na agricultura do país. Seu objetivo era ambicioso: tornar a agricultura nacional totalmente orgânica.
Imediatamente após a medida, um terço da produção agrícola do país ficou sem plantio. Seis meses depois, a produção de arroz diminuiu 20%. Para atender às necessidades de abastecimento, o governo importou US$ 450 milhões do cereal. Outros US$ 350 milhões foram desembolsados para indenizar e subsidiar os agricultores que não se adaptaram às diretrizes. O preço ao consumidor aumentou 50%.
Mas não é só isso. O setor do chá, produto mais exportado do país, registrou prejuízo de US$ 425 milhões.
Consequências mais profundas
O fracasso da política estatal impactou todo o país. Segundo o portal Foreign Policy, a medida ameaçou a segurança alimentar do Sri Lanka. Atualmente, quase meio milhão de cingaleses está abaixo da linha da pobreza.
A crise econômica, desencadeada pela pandemia e agravada pelo colapso da indústria agrícola, causou grave escassez de alimentos e apagões. Em resposta, o governo suspendeu completamente a proibição de pesticidas, de maneira a permitir o uso de métodos convencionais na produção de chá, coco e borracha.
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