O mundo do futebol se despediu de Mário Jorge Logo Zagallo na noite desta sexta-feira, 5. Aos 92 anos, o Velho Lobo foi multicampeão dentro e fora de campo. Como jogador, treinador de futebol e coordenador técnico, ele reuniu histórias e curiosidades no decorrer das últimas décadas.
+ Leia mais notícias do Brasil em Oeste
Confira 13 curiosidades relacionadas a Zagallo — 13 porque ele fazia questão de dizer que era o seu número da sorte.
Leia mais:
1 — Natural de Alagoas
Apesar de ter vivido e trabalhado durante muito tempo no Rio de Janeiro, Zagallo era alagoano. Ele nasceu em Atalaia, em 9 de agosto de 1931. O município compõe a Região Metropolitana de Maceió e tem população estimada em 37 mil habitantes. A família se mudou para a capital fluminense quando Mário Jorge tinha apenas meses de vida.
2 — Jogador do América do RJ
No Rio de Janeiro, Zagallo começou a dar seus primeiros passos no futebol. Nas categorias de base, o primeiro time dele foi o América. Em 1950, foi para o Flamengo, onde estreou como jogador profissional e atuou até 1958. Como atleta, ele ainda jogou por outro clube carioca, o Botafogo, de 1958 a 1965.
3 — Ponta esquerda campeão
Durante a carreira como jogador de futebol, atuou na posição de ponta esquerda. E conquistou dezenas de títulos. Foram 12 pelo Flamengo e outros 15 pelo Botafogo. Além disso, foi campeão pela seleção brasileira em dez oportunidades, incluindo duas edições da Copa do Mundo: 1958 e 1962.
4 — Do Opalla ao México
Depois de encerrar a carreira como jogador, Zagallo passou a trabalhar como treinador. O seu primeiro trabalho na nova função, no Botafogo, rendeu o convite para ser o técnico da seleção brasileira em 1970. Com o comando dele no banco, o time canarinho conquistou a Copa do Mundo daquele ano. A curiosidade é que, segundo o site do canal esportivo ESPN, a conversa para ele treinar a seleção ocorreu meses antes do torneio, numa conversa de 20 minutos com dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A “reunião” ocorreu dentro do Opalla de Zagallo.
Leia também: “Um ano sem Pelé: Arquivo Público de SP exibe imagens históricas do rei do futebol”
5 — Convocação do terceiro goleiro
Como técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, equipe considerada a melhor de todos os tempos do futebol, o Velho Lobo foi responsável por uma inovação. Com a contusão do ponta direita Rogério, ele convocou Emerson Leão, goleiro do Palmeiras. A seleção já contava com outros dois goleiros: o titular Félix e o reserva Ado. Com Leão, criou-se a tradição do “terceiro goleiro” nos mundiais. Isso tanto no Brasil quanto no exterior. Nas últimas edições do torneio, todas as 32 participantes convocaram três goleiros.
6 — Esquema tático moderno
Em reportagem sobre a evolução tática do futebol brasileiro publicada em maio de 2014, o site da rede de comunicação alemã Deutsche Welle (DW) destacou que, com Zagallo de técnico, a seleção brasileira de 1970 pode ser considerada uma das primeiras a implementar o esquema 4-2-3-1, que se popularizou, sobretudo na Europa, durante os anos de 2010.
“Zagallo revolucionaria na Copa do tricampeonato mundial, em 1970”, afirmou a DW. “Assumiu a seleção poucos meses antes do torneio e teve o sério problema em ter cinco craques para o meio — todos mais ou menos na mesma faixa do campo. Clodoaldo um pouco mais recuado, Gérson de segundo volante, Rivellino caindo pela ponta-esquerda, Pelé atuando como ponta de lança (posição bastante usada no 4-2-3-1 do início deste século) e Jairzinho, que entrava na diagonal permitindo as subidas do capitão Carlos Alberto Torres.”
7 — Precursor brasileiro na Arábia Saudita
Enquanto técnico de futebol, Zagallo também atuou no exterior. Pode ser considerado um dos precursores de treinadores brasileiros no Oriente Médio. Por lá, ele chegou a treinar o Al-Hilal, da Arábia Saudita, time que hoje tem o atacante Neymar no elenco.
Leia também: “Petrobola: a Arábia Saudita entra para o mapa do futebol”, reportagem publicada na Edição 179 da Revista Oeste
8 — Treinador de seleções do Oriente Médio
A trajetória do Velho Lobo no Oriente Médio não se resumiu ao clube árabe que atualmente investe milhões de dólares nas contratações de estrelas mundiais. Zagallo treinou as seleções do Kwait, dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita. Por este último, venceu a Copa da Ásia de 1984, informa o portal Terra.
9 — Campeão como jogador, treinador e coordenador
Em 1991, Zagallo voltou à seleção brasileira, mas em outra função. Depois de ser campeão do mundo duas vezes como jogador e uma vez como treinador, ele assumiu o cargo de coordenador técnico. Na função, tornou-se tetracampeão mundial. Com ele na coordenação, o Brasil faturou a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.
10 — Técnico da dupla Ro-Ro
Depois da Copa de 94, o então técnico Carlos Alberto Parreira deixou a seleção e, assim, abriu espaço para o Velho Lobo, que ficou na função até a Copa do Mundo em 1998, quando o Brasil acabou como vice-campeão. Nesse período, de 94 a 98, Zagallo criou a dupla Ro-Ro no ataque: Ronaldo e Romário.
Leia também: “Morre Bobby Charlton, campeão do mundo pela Inglaterra, aos 86 anos”
Com Ronaldo e Romário como titulares, a seleção treinada por Zagallo foi campeã de duas competições realizadas em 1997, a Copa América e a Copa das Confederações. A dupla Ro-Ro por pouco não disputou junta a Copa do Mundo de 1998, na França. Dias antes do início do torneio, Romário foi cortado da equipe por causa de uma contusão na coxa.
11 — “Vocês vão ter que me engolir”
Zagallo também foi o autor da frase que, com o passar do tempo, ganhou status de ditado popular. Com o apito final do jogo em que o Brasil venceu a Bolívia por 3 a 1 e sagrou-se campeão da Copa América de 1997, o treinador desabafou diante dos microfones empunhados por Tino Marcos (Globo) e Osvaldo Pascoal (Band): “Vocês vão ter que me engolir”.
Em janeiro de 2010, Pascoal, atualmente comentarista dos canais ESPN, lembrou desse momento inusitado. “Tive e ainda tenho muita sorte de perguntar e de ouvir as respostas que esperava.”
12 — Eternizado em estátua de cera
No dia 20 de abril de 2022, Zagallo recebeu homenagem por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A data marcou a inauguração da estátua de cera do ícone do futebol, no Museu da Seleção Brasileira. O espaço funciona na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
13 — Superstição com o número 13
Algo que nem é tão curiosidade assim. Durante toda a sua carreira no futebol, Zagallo afirmava que tinha o 13 como seu número da sorte. E sempre que possível lembrava: “Brasil campeão tem 13 letras”. Agora, vale informar de que “Zagallo eterno” também tem 13 letras.
Leia também: “O Brasil em Pelé”, reportagem de Eugenio Goussinsky publicada na Edição 197 da Revista Oeste
E mais: “Você sabia? Zagallo treinou a melhor seleção da história”