Em entrevista ao programa Opinião no Ar, exibido nesta segunda-feira, 3, pela RedeTV!, o gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, afirmou que a vacina russa Sputnik V não está totalmente descartada para eventual uso no Brasil. Segundo ele, novas informações podem ser apresentadas pelos fabricantes, de modo que as dúvidas da agência regulatória brasileira sejam sanadas.
Silvio Navarro, editor-executivo de Oeste, e Rodrigo Constantino, colunista da revista, participaram da entrevista. O programa é apresentado por Luís Ernesto Lacombe e também conta com a participação da jornalista Amanda Klein.
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“A gente tem deixado o canal aberto. Recebemos alguns dados adicionais na sexta-feira passada e já estamos avaliando. Sabemos que a vacina não está inviabilizada, é uma tecnologia que faz sentido técnico e científico. São questões que podem ser esclarecidas”, disse Mendes.
Na semana passada, como registramos, a Anvisa negou, de forma unânime, o pedido de autorização emergencial para a importação da Sputnik V. A solicitação havia sido apresentada por dez governos estaduais: Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Rondônia.
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A equipe técnica da Anvisa entendeu que a Sputnik V não demonstrou segurança e eficácia contra a doença causada pelo novo coronavírus. Nos lotes analisados, os pesquisadores identificaram a presença de adenovírus replicante (com capacidade de reprodução no corpo humano), que traz riscos à saúde. Segundo a Anvisa, o patógeno pode levar desde infecções variadas até a exacerbação da resposta imunológica.
“As questões que nós levantamos são relativas a como essa vacina foi desenvolvida, como foi o processo de fabricação da vacina. Em todos esses documentos ficamos com uma série de dúvidas sobre como foi realizado esse procedimento”, explicou Mendes. “Não sabemos se a vacina vai trazer a capacidade protetiva que precisa trazer e se realmente ela é segura. […] A ideia é que o adenovírus não se replique, seja só um vetor. Mas nos laudos identificamos que é possível ter esse vetor se replicando, e isso não é aceito pela comunidade científica internacional.”
O gerente de medicamentos da Anvisa disse ainda que “os dados apresentados trouxeram informações que geraram muitas incertezas e dúvidas”. “Por isso, sugerimos a não aprovação da importação neste momento. Isso não significa que a vacina está inviabilizada de qualquer forma”, reiterou.
Indagado sobre a reação do fabricante da Sputnik V, que ameaçou processar a Anvisa por “difamação”, Mendes afirmou que a agência tem o registro, em vídeo, de todas as reuniões com os russos. Segundo ele, esse material pode ser apresentado à CPI da Covid no Senado, caso os integrantes da comissão peçam esclarecimentos. “Temos todas as reuniões gravadas, que poderão ser disponibilizadas na CPI. A nossa análise é técnica”, disse.
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Se a Anvisa tivesse o mesmo rigor demostrado com a Rússia a vacina da China/Dória não teria sido aprovada.
Se a Anvisa tivesse o mesmo rigor sempre essa vacina da China/Dória não teria sido aprovada.