Entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, o Brasil conduzirá uma das mais ambiciosas expedições à Antártica: a Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica, que percorrerá mais de 20 mil quilômetros da costa do continente para se aproximar das frentes das geleiras.
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Sob a coordenação do pesquisador Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a missão reunirá cientistas de sete países — Argentina, Brasil, Chile, China, Índia, Peru e Rússia —, com um total de 61 participantes, dos quais 27 são brasileiros.
A expedição visa a coletar amostras ao longo da costa para estudos biológicos, químicos e físicos, bem como analisar dados atmosféricos, geofísicos, glaciológicos e oceanográficos relacionados ao manto de gelo antártico.
A pesquisa incluirá também um levantamento aéreo inédito das massas de gelo, o que possibilita o monitoramento das geleiras. Através da tecnologia de comunicação via satélite Starlink, a equipe terá acesso ilimitado à internet, o que permite a troca de informações em tempo real.
“Esperamos ter dados sobre a linha de flutuação dessas geleiras e, simultaneamente, apoiaremos um levantamento geofísico dessas frentes de geleiras para entender como elas respondem ao aquecimento da atmosfera e do oceano”, explica Simões.
Antártica mapeada
A expedição é financiada pela fundação suíça Albédo pour la Cryosphère, dedicada à preservação das massas de neve e gelo globais, bem como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.
A equipe partirá do Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, em 22 de novembro de 2024, para uma missão de 60 dias que enfrentará condições climáticas extremas e desafios logísticos.
Francisco Eliseu Aquino, professor do Departamento de Geografia da UFRGS, coordenará as pesquisas do grupo de climatologistas durante a expedição e enfatiza o ineditismo de uma circum-navegação antártica completa.
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“Ela permite interagir com a diversidade de tempestades, eventos extremos, estudar o ciclo hidrológico examinando as conexões entre a região tropical e a Antártica”, diz Aquino. “Também faremos perfurações na neve e no gelo para investigar a variabilidade do clima e da química da atmosfera ao longo dos últimos 100 anos.”
De acordo com o professor, “isso nos permitirá medir e investigar in loco o contraste entre a região tropical e a região polar, amostras que nos farão entender melhor a circulação atmosférica forçada, intensificada nos últimos dois a três anos mais quentes”.
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