O transporte de mercadorias do Brasil enfrenta um desafio: o crescimento no registro de crimes de roubos de cargas. Entre janeiro e julho deste ano, foram contabilizados 17.230 assaltos nas rodovias do país.
Os dados são do documento “Brasil: Relatório Trimestral de Roubo de Carga”, um estudo do Centro de Inteligência da Overhaul. Referência nacional no segmento, a empresa listou o ranking dos Estados mais perigosos do Brasil.
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Lideram as ocorrências, nesta ordem: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Nesses Estados concentram-se 98% dos crimes, sendo que 87% desses ocorrem em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
Crimes por região
Uma análise regional mostra ainda que apenas os Estados do Sudeste somaram 79% dos roubos no segundo trimestre. O porcentual é similar ao do primeiro trimestre.
Enquanto isso, a Região Sul aparece em segundo lugar, no primeiro e no segundo trimestre, com 10% dos roubos. Para a Overhaul, isso confirma um padrão de atuação das quadrilhas.
Representando o Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram 3% dos crimes nesse segundo trimestre. Porém, houve uma queda de 5% nas incidências, em comparação ao período anterior.
Bahia lidera aumento de roubos
O maior crescimento dos assaltos no segundo trimestre, porém, ocorreu na Bahia, que passou de 1% para 5% dos roubos de cargas do país no período de um ano. O Estado do Rio de Janeiro demonstrou da mesma forma uma tendência de aumento: 3%, comparando o segundo trimestre de 2022 com o mesmo período de 2023.
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Dos roubos de cargas de alimentos e bebidas, 91% concentraram-se no Sudeste, sendo 75% no Estado do Rio de Janeiro. As cidades mais perigosas são Duque de Caxias, São João do Meriti e Rio de Janeiro, onde há registro de 67% das ocorrências.
Dias e horários mais arriscados
Durante o primeiro trimestre de 2023, a incidência de roubo de cargas no Brasil predominou em dias úteis (segunda a sexta-feira). No entanto, quinta-feira é o dia com maior risco de circulação, com 20% das investidas.
Com relação aos horários, a maior incidência dos eventos é do período das 6 horas até as 18 horas.
Crime organizado
Para o Centro de Inteligência, as condições socioeconômicas do país e os altos níveis de criminalidade criam um ambiente propício para o crime organizado.
“Formou-se uma estrutura paralela, que sustenta quadrilhas especializadas em crimes empresariais, dentre eles, o roubo de cargas”, ressaltou o estudo.
A instituição mostra que o roubo de cargas configura um constante desafio para as cadeias de suprimentos que operam no Brasil.
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“O esquema criminoso no país provoca a necessidade da implantação de controles operacionais e medidas de segurança para minimizar as perdas financeiras”, acrescentou o diagnóstico da empresa.
Tipos de cargas roubadas
O tipo de carga “diversos”, com diferentes tipos de produtos no mesmo caminhão, foi o mais roubado no Brasil no primeiro trimestre de 2023, registrando 51% do total de roubos.
Em segundo lugar ficou o tabaco, com 9%. Nesta categoria, a indústria de cigarros enfrenta não somente o roubo de produtos, mas também o contrabando desse material.
Na sequência, a categoria “alimentos e bebidas” ocupou o terceiro lugar, com 8% dos roubos. As cargas mais visadas são as carnes. A quarta colocação é do setor de veículos e autopeças, também com 8%, apresentando um crescimento de 6%, em relação ao mesmo período de 2022.
Esse índice está relacionado ao aumento no número de roubo de caminhões, vans e utilitários de carga. Estes são alvos de criminosos para abastecer o mercado paralelo de venda de peças em desmanches.
Modal rodoviário
Conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 99% das empresas brasileiras usam o modal rodoviário para escoar suas cargas. Apenas 8% usam ferrovias.
Dessas empresas, 84% consideram o custo de transporte logística da empresa muito alto.
Segundo a Overhaul, as empresas precisam investir, por exemplo, em tecnologia a bordo e de rastreamento das frotas e contratar profissionais especializados.
Além disso, um esquema de planejamento de rotas de transporte é imprescindível. Traçar os pontos de paradas mais seguros para os veículos é uma forma de tentar coibir novas investidas dos criminosos.