O Morro do Careca, na Praia de Ponta Negra, e a Via Costeira, que vai de leste a sul de Natal, estão sofrendo um severo processo de erosão. A situação coloca em risco dois dos mais importantes cartões-postais da capital do Rio de Grande do Norte.
Especialistas em meio ambiente fazem alerta sobre o perigo de degradação dessas áreas. Nas últimas semanas, o avanço das marés acima do normal levou o município potiguar a decretar emergência por 90 dias.
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A prefeitura adotou medidas de emergência, como o isolamento do Morro do Careca por meio de sacos de areia. A gestão municipal espera, assim, reduzir o risco de colapso da formação geológica natural. O Morro do Careca é patrimônio histórico e cultural da capital.
A cidade assiste, ainda, ao avanço da faixa de areia da Praia de Ponta Negra. Conhecido como engorda, o movimento atinge, principalmente, a Via Costeira. Com a maré baixa, esse avanço se estende por cerca de 100 metros.

Marés avançam sobre a capital potiguar
Conforme especialistas da Universidade Federal do Rio de Grande do Norte (UFRN), o cenário reflete a aceleração de um processo erosivo decorrente de questões climáticas. “Atinge o Rio Grande do Norte como um todo”, diz o professor de engenharia civil e ambiental Venerando Eustáquio.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o pesquisador afirma que “as marés também têm se mostrado cada vez mais intensas e chegam ao litoral, onde já estamos com um processo erosivo instalado há décadas”.
Erosões ameaçam a proteção de hotéis beira-mar
A Prefeitura de Natal comunicou, em setembro deste ano, haver um avanço atípico das marés. Suas consequências são o agravamento da erosão, a destruição de equipamentos de drenagem e a derrubada de proteção costeira de hotéis e de rampas de acesso à Praia de Ponta Negra.
O governo municipal destaca que foi identificada “acentuada desagregação de blocos de sedimento, fragilidade erosiva, risco de solapamento do solo, carreamento superficial de areia e colapsos de arcos sedimentares”.

Problema atinge várias cidades no Brasil
Vários municípios costeiros têm esse tipo de problema no Brasil. Um deles é Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. A administração local ergueu muros de contenção em praias, como a do Massaguaçu. Nem sempre, contudo, as barreiras suportam a força do mar.
Na vizinha Ubatuba, casas e restaurantes em praias como Toninhas vivem sob a ameaça permanente do avanço do mar. Barreiras de concreto são construídas como forma de proteção, mas nem sempre conseguem evitar a invasão da água fortemente vinda do oceano.