A empresa Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., cujo um dos sócios é o empresário e influenciador Renato Cariani, foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 12. A ação foi em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público e a Receita Federal.
A investida é contra um suposto esquema de desvio de toneladas de produtos químicos para a produção de cocaína e de crack. De acordo com a PF, empresas com licença para vender determinadas substâncias emitiam notas fiscais falsas.
Como funciona o suposto esquema na mira da PF
A quadrilha faria uso de laranjas para realizar depósitos em espécie, passando-se por funcionários de grandes empresas transnacionais. Estas seriam vítimas, pois aparecem indevidamente como compradoras, nas notas frias.
Leia também: “Cartéis equatorianos usam indústria da banana para traficar cocaína”
Além disso, as investigações mostraram que o bando abria empresas fictícias. Tais firmas serviam de fachada para ocultar a origem ilícita do dinheiro.
Dezenas de agentes federais cumprem, ao todo, 18 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A empresa da qual Cariani é sócio fica em Diadema, na Região Metropolitana de São Paulo.
A polícia detectou 60 transações, todas falsas, da organização criminosa. Elas remetem a cerca de 12 toneladas dos produtos químicos fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila.
O montante serviria para produzir mais de 19 toneladas de cocaína e de crack, de acordo com a PF. Os acusados devem responder pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro.
Quem é o empresário, atleta e influenciador Renato Cariani
O influencer Renato Cariani é um fenômeno do YouTube e do Instagram. Estas suas duas redes juntas passam dos 13 milhões de seguidores ou inscritos.
Além de influenciador do universo fitness ou da “maromba”, Cariani é químico, educador físico e administrador de formação. O empresário também é atleta fisiculturista, tendo competido profissionalmente pela última vez em 2022, já com mais de 45 anos.
Até a conclusão desta nota, Cariani não havia se pronunciado em suas redes sociais. A última publicação no perfil do Instagram, além dos últimos stories, são de ontem.
‘Carinho da torcida’
O público, porém, tem reagido em massa às acusações, nos comentários. Entre o apoio e a incredulidade, parte dos fãs defende Cariani, mencionando suposta perseguição política (já que Cariani seria “bolsonarista”); ou ao menos preferem aguardar o desenrolar das investigações.
Em 2022: “Bolsonaro zera imposto de suplementos alimentares: ‘Ajuda o pessoal que malha’”
Outros supostos fãs se dizem decepcionados ou atônitos. Já os haters (literalmente “odiadores” em inglês, ou seja, críticos agressivos que acompanham seus objetos de “ódio”) fazem referência ao fato de Cariani ser “de direita”.
Piadas e trocadilhos envolvendo as drogas produzidas pelo suposto esquema também abundavam nos comentários. “Esse é crack!”, por exemplo; ou ainda menções ao “pó branco” que “não era creatina” (suplemento dos mais populares).
Referências ao seriado Breaking Bad também não faltaram. Na história, o químico (uma das formações de Cariani) Walter White se corrompe, de professor do ensino médio a chefão do tráfico.
A PF tornou-se nitidamente um instrumento de caça às bruxas. Não me admiraria se as acusações se mostrassem frágeis e sem fundamentação jurídica, mas o ministro do STF decretasse a prisão do Cariani.