As queimadas florestais no Brasil têm causado destruição em larga escala, afetando significativamente diversos biomas, incluindo a Amazônia e o Pantanal. Até esta sexta-feira, 25, o país contabilizava 1.591 focos de incêndio, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Estes focos de incêndio não são apenas um problema ambiental, mas uma crise que ameaça a biodiversidade, a saúde humana e o clima global. A Amazônia concentra a maior parte das ocorrências, com 946 focos ativos, o que representa 59,5% do total.
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O Estado do Pará também lidera em número de queimadas, registrando 723 focos nas últimas 24 horas, seguido por Tocantins, com 281, e Maranhão, com 165.
Neste ano, a situação tem sido especialmente grave nos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, onde as chamas se alastram sem controle. Comparando com anos anteriores, 2023 já se destaca como um dos piores anos em termos de queimadas.
Dados históricos indicam que o número de focos de incêndio já ultrapassou o registrado em 2019 e 2020, anos que também foram marcados por devastação significativa. A combinação de fatores climáticos adversos, como altas temperaturas e baixa umidade, agrava a situação, tornando a contenção das chamas um desafio ainda maior.
Focos de incêndio nos biomas brasileiros
Dos seis biomas do Brasil, cinco apresentaram focos de incêndio, sendo o Cerrado o segundo mais atingido, com 491 registros — cerca de 30,9% do total. Em agosto de 2024, o Brasil atingiu o maior número de queimadas dos últimos 14 anos, com 68.635 ocorrências, o quinto maior valor desde que a série histórica começou em 1998, e um aumento de 144% em relação ao mesmo período de 2023.
Já setembro foi ainda mais alarmante, com 83.157 focos — o mês com o maior número de queimadas até agora em 2024 e o setembro mais grave desde 2010, quando foram registrados 109.030 focos.
Em comparação a setembro de 2023, que registrou 46.498 focos, o aumento foi de 78,74%. Historicamente, setembro concentra o pico de queimadas no Brasil, que tendem a persistir até outubro.
O país, além de enfrentar um aumento no número de incêndios, atravessa uma seca histórica, classificada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) como a mais severa em 75 anos. Apenas em outubro já foram contabilizados 27.898 focos de incêndio, totalizando 238.106 ocorrências em 2024.
Fenômenos ambientais agravam queimadas
A seca e a estiagem são características do inverno brasileiro, que se estende de junho até o fim de setembro. Este ano, contudo, a intensidade foi atípica, e dois fatores em especial contribuíram para o agravamento do cenário de focos de incêndio:
- Fortes ondas de calor: seis ondas de calor foram registradas desde o início da estação, de acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), enquanto as ondas de frio foram apenas quatro
- Seca antecipada: em algumas áreas do país, como a Amazônia, a seca começou antes do início do inverno, acentuando-se já no começo de junho
Na região amazônica, além dos focos de incêndio, a seca tomou proporções inéditas, com municípios da região enfrentando quase um ano de estiagem — a mais longa já documentada. Os principais fatores que explicam a severidade da seca na Amazônia incluem:
- Fenômeno El Niño: o aquecimento das águas do Oceano Pacífico alterou o regime de chuvas na região, intensificando a seca a partir do início do ano
- Aquecimento do Atlântico Tropical Norte: as temperaturas nas águas do Atlântico, localizadas acima da América do Sul, aumentaram entre 1,2 °C e 1,4 °C entre 2023 e 2024, afetando o clima regional
- Temperaturas globais recordes: em julho, o planeta registrou a temperatura média mais alta de sua história, criando condições para ondas de calor mais intensas
Esses fatores têm exacerbado a ocorrência de queimadas e provocado impactos duradouros para o meio ambiente e a biodiversidade brasileira.