Fachin condiciona extradição de espião russo a ‘garantias’ de Moscou

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concordou com o pedido de extradição de um russo suspeito de ser espião. No entanto, para isso ocorrer, Moscou deve assumir compromissos diplomáticos.

Entre as exigências do ministro estão a de não decretar a pena de morte do espião russo e a de manter a prisão dele por até 30 anos. Além disso, condicionou a extradição ao encerramento de uma investigação em andamento na Polícia Federal.

O caso

Serguei Vladimirovitch Tcherkasov foi preso em abril de 2022 ao desembarcar no Brasil. Ele se passava por Victor Muller Ferreira e utilizava documentos brasileiros falsos. Tcherkasov está detido na Penitenciária Federal de Brasília, presídio de segurança máxima.

O suposto espião seria um integrante do GRU, unidade de inteligência militar da Defesa russa, e estava no país de forma ilegal.

Tcherkasov era alvo de duas investigações no Brasil. Na primeira delas, ele já foi condenado a 15 anos de prisão pela Justiça Federal em São Paulo por uso de documento falso. Entretanto, o russo também é alvo de um inquérito na PF em que são apurados os crimes de espionagem, lavagem de dinheiro e corrupção.

A apuração pretende detalhar como teria ocorrido a atuação do suspeito no Brasil. Nesse caso, a PF quer descobrir se ele espionou algum cidadão, autoridade ou instituição brasileira ou se o país era apenas sua base para trabalhar em favor do governo russo em outras localidades.

A PF tem tratado o caso com sigilo, uma vez que informações coletadas apontam para o envolvimento de Tcherkasov em missões sensíveis para os russos.

As suspeitas dos policiais aumentaram depois do pedido de extradição feito pela embaixada da Rússia, em agosto de 2022, e foram reforçadas quando o próprio suspeito declarou, em audiência na Justiça, o interesse de retornar ao seu país de origem.