O setor de saúde no Brasil está passando por uma transformação. Nos últimos dois anos, a área lidera o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compra de empresas no país.
Apenas do início de 2021 até agora, foram cerca de 150 transações, que movimentaram mais de R$ 20 bilhões, segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo desta segunda-feira, 14.
Duas das maiores transações ocorreram nesse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a Notre Dame Intermédica — um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões — e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or um acordo de mais de R$ 10 bilhões.
O surgimento de grupos gigantes, que leva a uma maior concentração de mercado, é acompanhado de perto pelos participantes do setor, que avaliam os efeitos desse avanço das empresas em seus próprios negócios.
Mesmo antes de se juntarem, Hapvida e NotreDame Intermédica já vinham protagonizando aquisições em série, com o objetivo de se tornarem empresas verticalizadas, o que significa que o cliente de seus planos de saúde é atendido pela rede de hospitais e clínicas da própria empresa.
Na Hapvida, a estimativa é que quase a totalidade das cirurgias eletivas (as não emergenciais) será feita na rede de hospitais própria, algo que dá à empresa um maior controle de seus custos.
Donas da maior fatia do mercado, com mais de 20% entre os planos individuais, a Hapvida e a Notre Dame Intermédica atendem ao segmento mais básico e conseguem ter preços competitivos. Com isso crescem até em momentos de crise.
Por trás das fusões, está o caixa recheado dessas empresas, que abriram capital na Bolsa de Valores em 2018 (Hapvida e Notre Dame Intermédica) e 2020 (Rede D’or).
Novas fusões
A próxima onda de aquisições envolverá as healthtechs (as empresas de tecnologia do setor de saúde), um crescente alvo das empresas tradicionais do setor.
A perspectiva de que novas transações na área devem acontecer é compartilhada por Ítalo Miranda, sócio da Ondina Investimentos. “Os níveis de transações tendem a continuar bastante elevados; os compradores estão com pressão por verticalização”, disse, ao Estadão.
Segundo ele, um movimento que pode começar a ser observado é o de aquisições por fornecedores de serviços, caso de redes de laboratórios, que estão mais pressionadas pelos grandes grupos concorrentes e podem começar a olhar também, por exemplo, as operadoras de planos de saúde.
Toda concentração de mercado é invariavelmente nociva para o consumidor. Se a livre concorrência é o oxigênio do capitalismo, a formação de grandes cartéis é altamente prejudicial, pois reduz a diversidade, divide o mercado em feudos e desestimula a inovação. Tolo daquele que acredita que terá um plano de saúde melhor e mais barato.
Enquanto isso ,a relação medico/paciente vai pro espaço. E viva a medicina empresarial em detrimento da pessoal
Eu não sou geógrafo nem demógrafo, mas depois que a expectativa de vida aumentou no Brasil os planos de saúde floresceram.