Ao todo, nove pacientes receberam órgãos e tecidos infectados com HIV no Rio de Janeiro. Seis deles foram contaminados, dois não contraíram o vírus e um faleceu depois do procedimento. Os receptores, homens e mulheres, estão em tratamento em hospitais da Bahia e do Rio de Janeiro. Pelas falhas nos exames, o PSC Lab Saleme passa por um processo de investigação.
A polícia prendeu três técnicos do laboratório, Cleber de Oliveira Santos, Ivanilson Fernandes dos Santos e Jacqueline Iris Bacellar de Assis, além do ginecologista Walter Vieira, um dos sócios da empresa.
Detalhes dos casos de transplante de infectados por HIV no Rio de Janeiro
Dois doadores infectados com HIV contribuíram para os transplantes. Um homem de 28 anos, portador de HIV, doou órgãos e uma córnea para seis pacientes, resultando em quatro infecções e um óbito.
A mulher que faleceu, cuja idade não foi revelada, recebeu o fígado do doador, mas a causa do óbito ainda não foi confirmada. Um receptor de córnea, de 61 anos, não sofreu contaminação.
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Em janeiro, três pacientes passaram pelos transplantes: um de 45 anos recebeu um coração, enquanto os rins foram para duas mulheres, de 61 e 60 anos, todas contaminadas. A segunda doadora, uma mulher de 40 anos, doou quatro órgãos em maio, incluindo dois rins, um fígado e uma córnea.
Relembre o caso
Entre os receptores da segunda doadora, uma mulher de 50 anos e um homem de 43 receberam os rins. O transplante de fígado foi para um idoso de 76 anos. Em junho, uma pessoa cuja identidade não foi confirmada, recebeu a córnea esquerda e não foi infectada pelo HIV.
Especialistas da Sociedade Brasileira de Córnea e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia afirmam que a transmissão de HIV por córnea é improvável, pois o tecido não possui vasos sanguíneos.
“Existe o risco potencial, mas é ínfimo, não temos conhecimento documentado de nenhum caso”, explica José Álvaro, presidente do CBO.
Nota oficial sobre o sistema de transplantes
O sistema de transplantes no Brasil é historicamente confiável e transparente, sendo o maior sistema público mundial a realizar esse tipo de serviço.
“Esse ocorrido no Rio de Janeiro foi um fato isolado, embora gravíssimo, decorrente de erro de exame sorológico realizado por um único laboratório, não correspondendo ao nível de excelência que se tem em toda a rede envolvida no sistema”, esclarecem as entidades em nota oficial.
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