O fundador da Editora Cortez, José Xavier Cortez, morreu nesta sexta-feira, 24, em São Paulo, aos 84 anos, em função de complicações decorrentes de um câncer. A informação foi divulgada pela própria editora.
Nascido na cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, no dia 18 de novembro de 1936, o “senhor Cortez”, como era conhecido, trabalhou na agricultura com a família, no sítio em que vivia, na zona rural do município. Aos 18 anos, mudou-se para a capital, Natal, onde ficou até 1955.
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Mais tarde, Cortez ingressou na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco e passou um ano no Recife. Em 1956, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde serviu em navios da Marinha do Brasil. Em 1964, ano do golpe militar no país, Cortez foi expulso da Marinha por ter participado de um movimento organizado pela Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, que ficou conhecido como Rebelião dos Marinheiros.
No início de 1965, Cortez chegou a São Paulo e foi trabalhar como lavador de carros em um estacionamento. Um ano depois, foi aprovado no curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). A partir de então, passou a ter contato mais próximo com o mundo dos livros.
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Ponto de virada
Na própria faculdade, Cortez vendia livros para os colegas, o que o ajudou a complementar o pagamento da mensalidade do curso. Em 1968, ele foi autorizado a usar um pequeno espaço dentro da universidade e ampliou a oferta de livros para alunos de outros cursos.
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Em 1980, fundou a Livraria Cortez e a Cortez Editora. Sua primeira obra de sucesso comercial foi Metodologia do Trabalho Científico, originada a partir de uma apostila feita pelo professor Antônio Joaquim Severino. Cortez se ofereceu para transformar a apostila em livro, e o resultado foi um grande sucesso. Ao longo de sua história, a editora publicou principalmente obras acadêmicas e livros infantis.
Cortez foi diretor da Câmara Brasileira do Livro e, em 2005, ganhou o título de cidadão paulistano pela Câmara Municipal. Em 2016, a Livraria Cortez, localizada no bairro de Perdizes, deixou de comercializar livros de outras editoras e passou a ser um ponto de venda exclusivo das obras da Cortez.
Em outubro do ano passado, em plena pandemia de covid-19, Cortez lançou o livro Tempos de Isolamento, com a jornalista Goimar Dantas.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo