De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o nível de mulheres que estava trabalhando ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020 — esta é a menor taxa desde 1990, quando o número foi 44,2%. No mesmo período de 2019, o indicador estava em 53,3%. Os dados apresentados revelam que os setores com maior atuação feminina no Brasil foram os que mais perderam vagas de emprego durante a pandemia.
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Dos profissionais que trabalham com alojamento e alimentação, 58,3% são mulheres e cerca de 51% das vagas desta categoria foram eliminadas. Nos serviços domésticos, a atuação feminina chega a 85,57% e as oportunidades de emprego diminuíram 46,2%. Em educação, saúde e serviços sociais, em que 76,4% dos postos de trabalho são ocupados por mulheres, a redução foi de 33,4%.
Raquel Azevedo, sócia e líder de Diversidade & Inclusão da consultoria Falconi, afirma que as dificuldades impostas pelas medidas de isolamento agravaram um problema que já existia.
“A desigualdade já era realidade. A mulher era mãe, dona de casa, profissional e tinha que dar conta de todas as atividades. Mas, com a pandemia, a situação de muitas mulheres ficou inconciliável”, disse Raquel à Infomeny. “Como manter a produtividade no trabalho, ou mesmo manter o emprego, em meio ao isolamento social com as crianças integralmente em casa, sem a ajuda do parceiro? Historicamente, se alguém precisa abrir mão de um trabalho para se dedicar à casa, será a mulher e não o homem. Então, muitas deixaram o trabalho por não conseguir administrar tudo em meio à pandemia. O gap que já tínhamos ficou abissal”.