O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem pressa para escolher o sucessor de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Interlocutores do petista já adiantaram a membros do Ministério Público Federal (MPF) que a definição de quem vai chefiar o órgão pelos próximos dois anos pode demorar mais do que o esperado. A informação é da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O mandato de Aras na PGR termina no fim de setembro. A expectativa é de que um interino ocupe a chefia do MPF até Lula se decidir — nesse caso seria o subprocurador Carlos Frederico Santos. Ele é aliado de Aras e está cuidando do caso dos investigados nos atos de vandalismo do 8 de janeiro.
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Um fator que pode atrasar a decisão do petista é a coincidência de calendários entre a sucessão na PGR e a substituição de Rosa Weber, que se aposenta em outubro do Supremo Tribunal Federal, informou o jornal. “Lula certamente fará uma avaliação política simultânea de suas escolhas.”
Quem compõe a lista tríplice?
Antes mesmo de tomar posse, Lula já havia indicado que não se comprometeria em seguir a lista tríplice formada após a votação conduzida pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Ainda assim, sinalizou que deve se reunir com representantes da entidade nas próximas semanas para ao menos receber o documento.
A lista é encabeçada pela subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, que recebeu 526 votos, seguida pelos subprocuradores Mario Bonsaglia (465) e José Adonis (407).
O favorito para PGR
Por ora, o favoritismo está com o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, candidato apoiado por Moraes e pelo ministro Gilmar Mendes, afirmou o jornal.
Gonet ganhou os holofotes ao defender a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do TSE, mas tem posições conservadoras na seara de costumes que incomodam alas do PT, conforme informou a coluna.
Outro fator que embola a discussão nos bastidores é que o próprio Aras trabalha por uma recondução. No entanto, isso é visto como pouco provável no Palácio do Planalto, conforme O Globo.
A demora de Lula
Integrantes do primeiro escalão do governo revelaram ainda que Lula, até aqui, tem demorado para fazer escolhas para o sistema de Justiça.
Isso aconteceu, por exemplo, na Defensoria Pública da União (DPU), cargo que está vago há mais de seis meses.
Para o STF, levou ainda 51 dias para confirmar que indicaria Cristiano Zanin, mesmo não havendo concorrentes que ameaçassem o favoritismo do seu ex-advogado pessoal.
Nomeações a jato
As únicas nomeações que saíram “a jato” foram as de ministros titulares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas isso se deveu à ofensiva de Alexandre de Moraes. O presidente da Corte Eleitoral trabalhou para emplacar aliados e ampliar sua influência no TSE a tempo do julgamento que levou à inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
Nesse caso, o plenário do Supremo votou uma lista quádrupla para as duas vagas de ministros do TSE. Lula nomeou no mesmo dia os preferidos de Moraes.