O recente reajuste de preços feito pela Petrobras trouxe novo impacto na vida de milhões de brasileiros. Apesar do apelo feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a estatal aumentou em 9% o preço dos combustíveis na refinaria no último dia 10, sobrecarregando assim a economia. A estatal se defende dizendo que o aumento é consequência das oscilações do petróleo em meio à guerra na Ucrânia.
Por outro lado, há quem veja na privatização da empresa uma possível solução para a alta dos combustíveis. Na semana passada, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, anunciou a produção de estudos para a privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) — a estatal responsável por comercializar o óleo e o gás extraídos da camada pré-sal.
No meio do impasse, a população dá claros sinais de que a situação dos combustíveis deve ser resolvida de forma urgente. Uma pesquisa feita pelo PoderData, entre 24 e 26 de abril de 2022, mostrou que 67% da população brasileira é favorável a uma intervenção do governo na petrolífera brasileira para baixar o preço da gasolina.
Para Miguel Daoud, analista de economia e política, o Preço de Paridade Internacional (PPI) instaurado no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2016, é um “remédio que se transformou em veneno”. A medida faz com que o preço do petróleo local seja pareado aos preços internacionais.
“Estamos vivendo um momento atípico. Quem iria imaginar que iríamos ter pandemia e guerra na Ucrânia? No momento em que o mundo estava mudando a matriz econômica. A matriz de energia era esquecer do petróleo. Para essas situações atípicas você não pode manter o remédio que aí está”, diz Daoud.
Segurança contratual e infraestrutura
Ele também aponta possíveis saídas para a situação dos preços dos combustíveis. “A Petrobras também poderia comprar gasolina no mercado futuro. Se a gasolina subir, poderia usar o lucro dessa operação financeira para subsidiar o custo internamente. Ela não precisaria perder. Ela teria instrumentos monetários e financeiros para garantir a estabilidade de preços sem ter que jogar nas costas do brasileiro”, acrescentou.
Confira a entrevista na íntegra:
A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa uma alta de 3.700%. Até que ponto um lucro pode ser considerado normal no mercado?
É evidente que alta do petróleo não se deu por conta dos custos de refino e extração, se deu por questões geopolíticas. Todas as empresas do setor registram um aumento. No caso da Petrobras, o aumento foi maior. Existe uma diferença muito grande da Petrobras em relação a várias das suas congêneres. Para países que não possuem petróleo suficiente, é justo praticar uma política de preços [igual ao PPI] porque existe uma dependência do petróleo internacional. No caso do Brasil, ele é autossuficiente na produção de petróleo. Produzimos em torno de 3 milhões de barris por dia, mas não conseguimos refinar a quantidade de combustíveis que necessitamos. Com isso, temos de importar a diferença. Só que a Petrobras tem o comando da exploração e o refino do petróleo. O que acontece: a extração de um barril de petróleo não chega, na média, a US$ 25. Temos um produto que é nosso, mas praticamos o preço do mercado internacional. Neste caso, a Petrobras tem uma vantagem em relação a outras empresas que não detém o poder de extração do petróleo. Só quem tem isso são os países árabes. A política de preço da Petrobras foi feita em um momento em que o PT usou a empresa para permanecer no poder.
A estatal argumenta que os reajustes são fruto da oscilação do mercado gerada pela guerra na Ucrânia. Como manobrar essa situação sem complicar o cenário interno?
Não é 8 nem 80. A Petrobras poderia simplesmente utilizar o benefício que tem, por ter o petróleo muito baixo e o refino também, e ter como contrapartida uma média que pudesse garantir a lucratividade do setor que foi privatizado, a lucratividade dos acionistas e manter um preço do combustível adequado ao Brasil. A Petrobras também poderia comprar gasolina no mercado futuro. Se a gasolina sobe, pode usar o lucro dessa operação financeira para subsidiar o custo internamente. Ela não precisaria perder. A estatal teria instrumentos monetários e financeiros para garantir a estabilidade de preços sem ter que jogar nas costas do brasileiro. ‘Ah, o petróleo subiu, eu sou acionista, e preciso praticar o preço internacional’. Não precisamos ser a Venezuela e também não precisamos ser um país rico. Temos de ter uma política intermediária que desse ao brasileiro o benefício ao petróleo que está no fundo do mar.
Recentemente, houve mais um aumento de 9% nas refinarias. Inclusive, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que não houvesse o aumento. Seria a hora de uma mudança na política de preços?
Sim. Não tem sentido praticar a mesma política de preço que o Japão, que não tem uma gota de petróleo. O presidente, quando fala, tem um viés político. Ele quer tirar a responsabilidade das costas dele, mas no fundo ele tem razão de que essa política da Petrobras é uma política errada. Na verdade, essa política é um remédio que virou um veneno. Estamos vivendo um momento atípico. Quem iria imaginar que teríamos uma pandemia e guerra na Ucrânia no momento em que o mundo estava mudando a matriz econômica? A matriz de energia era esquecer do petróleo. Para essas situações atípicas não se pode manter o remédio que aí está.
Como você enxerga a entrada do Adolfo Sachsida no ministério de Minas e Energia?
Ele acalma um pouco o presidente, mas não tem muito o que fazer. A privatização da Petrobras não é simples e é uma questão precisa ser tratada, mas não agora. O Brasil poderia ter uma Petrobras lucrativa, com sócios e estatal. Percebe como perdemos todos os nossos instrumentos de indução do crescimento? Como o capital privado vai investir no Brasil o volume que precisamos, quando não temos uma reforma tributária, uma reforma da federação, uma reforma política? Para fazer uma privatização, é preciso criar um ambiente de segurança contratual e infraestrutura — coisa que não temos.
Como o senhor avalia a possível privatização da Eletrobras ?
Sim. Colocou-se várias exigências [no projeto de privatização da Eletrobras], como a construção de termoelétricas em lugares onde não tem gás. Ao invés de reduzir o custo, irá aumentar. No caso do Brasil, infelizmente, nós precisamos do Estado como indutor de crescimento. Porque aqui a gente começa a crescer e cai, começa a crescer e cai. Se você fizer uma ferrovia que liga o Porto de Santos, ótimo, você precisa reformar o porto. É todo um conjunto. Acho que o Bolsonaro está corretíssimo em fazer isso, mas você não pode querer fazer agora o que está lá na frente agora.
No geral, a população sabe que o álcool é usado na composição da gasolina para compensar o preço. Mas como explicar o aumento se ele não está ligado ao petróleo?
O álcool sobe porque o diesel sobe, ou seja, aumenta o custo da lavoura, sobe o preço da cana e, consequentemente, do álcool. Hoje, o etanol sobe muito não por conta de uma paridade com o petróleo, mas porque quando o petróleo sobe, ele impacta diretamente nos custos de produção de álcool. Boa parte do etanol era viável. Hoje ele não compensa por conta dos custos de produção. Veja, importamos etanol de milho dos Estados Unidos, porque é mais barato do que o etanol que a gente consegue produzir aqui.
Antes de privatizar a Petrobrás é necessário universalizar a comercialização do combustível. Como mais da metade do consumo de derivados são importados porque a Petrobrás não tem capacidade de refino, que seja permitido imediatamente que as distribuidoras que possuem as redes de postos de combustível importem diretamente do mercado internacional a gasolina e o óleo diesel e venda sem que seja repassado pela Petrobrás. Com certeza teríamos uma redução imediata de preços em torno de 30% mas bombas de combustível.
1) Desmembrar a PTbrás; 2) Vender as partes; 3) Tirar o PCC e outras organizações criminosas do comando das redes de postos de abastecimento; 4) “Doutrinar” a população para que ela tenha consciência de que é responsável por procurar o menor preço, forçando a concorrência na prática. Se os 4 pontos acima não resolvem totalmente o problema, pelo menos é um bom começo.
A produção é 3 milhões de bbd, não bilhões. Atenção aí.
Excesso
Reparo: a produção é de 3 milhões de bbd, não bilhões. Jornalista costuma confundir bilhão com milhão, mas economista não deveria.
Respeito o jornalismo de Miguel Daoud, mas não entendo porque essa perseguição à PPI politica de preços adotada pela Petrobras que além de ser correta saneou a enorme dívida e gerou só em 2021 mais de R$30 bi em dividendos, e mais de R$200 bi em tributos, royaltes, ações sociais com fornecimento gratuito de gás as comunidades nos arredores de instalações da empresa, a melhor remuneração e qualificação dos funcionários petroleiros, enfim tudo aquilo impossível com a politica de preços populista dos governos do PT. Qual contribuição de 2002 a 2014 deu a Petrobras ao Povo Brasileiro? Zero, mas muitos recursos ao Povo do PT.
Não é correto e lamento não observar no bom jornalismo da revista oeste, da jovem pan e da gazeta do povo, a mesma critica ao negocio agropecuário, que também pratica a mesma politica de PPI, e neste caso, somos campeões mundiais de produção de SOJA, CANA, CAFE, CARNES, MILHO, etc. etc. Se fossem ao supermercado nos últimos 4 anos verificariam que uma garrafa de 900 ml. de óleo de SOJA, custava em 2019 R$2,60 e atualmente R$9,60, um pacote de 500 g. de CAFÉ moído custava R$7,50 e atualmente R$19,50, e a CARNE, AÇUCAR, ÁLCOOL, MILHO, etc. etc.? Não é sério o que fazem alguns jornalistas da VELHACA imprensa e políticos com sede de retomar a PETROBRAS argumentarem que o alto preço dos combustíveis inflaciona também os alimentos. Lamento que Miguel tenha tido esse argumento com o alto preço do álcool anidro que compõe a gasolina, mais caro por lt. que a gasolina A da Petrobras, já que a gasolina comum nas bombas contem 73% de gasolina A e 27% de álcool anidro. Para quem não sabe do pr. médio atual da gas. comum de R$6,97 na bomba, a Petrobras recebe R$2,81 e o Usineiro R$1,04, logo gas.A custa 2,81/0,73=R$3,85 e álc.1,04/0,27= R$3,85 por lt. Portanto sr. Miguel, o Usineiro também pratica a PPI da CANA e derivados. Vale lembrar que do vilão ICMS nem se falou e recebe R$1,75 e a Dist/Rev. R$1,01. Portanto, a soma desses dois agentes, que nada produzem, no preço da bomba é R$2,76 quase o preço do PRODUTO GASOLINA A da Petrobras.
Ao jornalista desta matéria sugiro que verifique no site da Petrobras o último levantamento da ANP de 8/5 A 14/5 que demonstra quanto recebem a Petrobras e os outros agentes no preço da gasolina comum, do diesel e do gas. Importante também observar que o diesel vendido na bomba tem 90% do diesel Petrobras e 10% do Biodiesel do Usineiro, e enquanto o diesel da Petrobras custa R$4,92 o lt. o biodiesel do Usineiro custa R$7,00 o lt.
Não é razoável que o bom jornalismo da revista oeste e de Miguel Dauold produzam matéria que incendeia a politica de preços da Petrobras, e nada falem das conquistas para a União desde suas atuais gestões pós Temer, e protejam o negócio agropecuário nada falando sobre o alto preço dos alimentos.
Não faço aqui criticas a PPI praticada, mas entendo que não é bom jornalismo ser parcial, e pelos comentários de leitores agride os acionistas minoritários que capitalizaram em 2010 a Petrobras em mais de R$100 bi, para não perder participação para a União que simplesmente aportou a reserva de 5 bilhões de barris do pré-sal enterrado a mais de 7.000 mts. a US$8,51 por barril, para ser explorado com os recursos dessa capitalização. Vale dizer que ficamos 10 anos aguardando o retorno do capital investido, ou seja somente após 2020 conseguimos bons resultados da empresa e uma politica de dividendos adequada ao investimento.
Não é só privatizar, é quebrar o monopólio!
1. O que mais reduziria o valor é a redução de ICMS. Paraguai compra no Brasil e consegue vender mais barato. Os maiores roubos são realizados pelos 27 desgovernadores. Deveria ter isenção no gás e no díesel e no máximo 5% na gasolina.
2. Em segundo lugar é o roubo para doar aos acionistas.
3. Vem os altos salários e bônus dos diversos diretores, quanto mais ajudam a roubar para os acionistas, mais estes embolsam. Por isso o grande interesse da esquerda em doar diretorias a troca de apoio de velhos caciques como: FHC, sarney, aécio, Collor; mdb, união brasil, pp, psb, psdb, cidadania, psd, psol, e de canais como globo e das artetas