O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu uma nota técnica sobre os perigos geológicos no Rio Grande do Sul. O comunicado aborda a previsão do tempo de 10 a 13 de maio.
A nota técnica foi feita em parceria com outros três órgãos: Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com o comunicado, uma nova frente fria se deslocará por Santa Catarina e a entrada de ar mais frio do quadrante sul pelo Rio Grande do Sul resultará em queda de temperatura e pequenas possibilidades de chuva. No decorrer dos próximos dias, esse sistema climática recuará para o sul gaúcho.
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Assim, irá alterar a direção dos ventos para leste, ou seja, para o Oceano Atlântico. Isso, conforme o Inmet, pode dificultar o escoamento das águas da Lagoa dos Patos para o mar.
Previsão de chuvas intensas no Rio Grande do Sul e riscos geológicos
A partir desta sexta-feira, 10, o sistema frontal deverá se estabilizar sobre a região central do Estado. A previsão é de que isso intensificará as chuvas no centro-leste e nordeste do Rio Grande do Sul, particularmente na Região Metropolitana de Porto Alegre. Prevê-se que os volumes de chuva possam superar 150 milímetros. Condição que irá piorar as condições já frágeis da área.
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Além disso, a previsão do Inmet indica que na próxima segunda-feira, 13, uma nova frente fria mais intensa chegará ao Estado. Ela, possivelmente, terá a companhia de um ciclone extratropical perto da costa gaúcha.
Esse evento deverá fortalecer os ventos de leste. Afetará, assim, o escoamento das águas. Nos dias seguintes, contudo, a presença de uma massa de ar frio e seco deverá baixar as temperaturas. Dessa forma, novas chuvas devem ocorrer.
Impacto nos rios e bacias hidrográficas
Os rios Taquari, Caí e Sinos, bem como toda a região do delta do Jacuí, mostram uma tendência de elevação no nível das águas, exacerbada pela direção dos ventos que obstrui o escoamento eficaz na Lagoa dos Patos. Isso eleva o risco de inundações nas áreas próximas aos municípios de Pelotas e Rio Grande.
As bacias hidrográficas perto da capital gaúcha, o que abrange os rios Gravataí, dos Sinos e Caí, necessitam de atenção especial. Isso porque as chuvas intensas dos próximos dias podem elevar significativamente seus níveis. A bacia do Rio Uruguai e seus afluentes, no extremo oeste do Rio Grande do Sul, também estão sob monitoramento devido à previsão de aumento contínuo do volume de água.
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Vejam o vídeo no youtube ‘A causa das enchentes foi a construção de molhes na foz da Lagoa dos Patos’: desde o Império, o RS vem alargando um represamento na foz da Lagoa dos Patos, para que o Porto de Rio Grande possa trabalhar com navios, cada vez maiores. O represamento vem crescendo ano após ano e, atualmente, são 4 km (!!!) mar adentro, represando a foz da Lagoa dos Patos. Por sua vez, a região do Lago Guaíba recebe metade do afluxo hídrico proveniente da Serra Gaúcha (a outra metade escoa para o rio Uruguai, limite oeste do estado). E ainda por cima, o regime entre o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos é de uma planície, ou seja, o desnível é pouco e o fluxo hidrológico é lento. Some-se, pois, chuvas torrenciais e concentradas, decorrentes de um El Niño particularmente intenso nesse ano, a um represamento na foz, eis os ingredientes para um desastre ambiental. Crônica de um desastre ambiental anunciado. Será a hora de reduzir pela metade o represamento da foz da Lagoa dos Patos? Ou em nome da economia portuária, torna-se aceitável o risco futuro de outra catástrofe como essa?