Enquanto o Estado de São Paulo receberá R$ 111 para cada um dos seus quase 46 milhões de habitantes, Mato Grosso, com 3,5 milhões de pessoas, será contemplado com R$ 275 per capta
Aprovado nesta quarta-feira, dia 6, pelo Senado Federal, o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus destinará R$ 125 bilhões aos 26 estados, ao Distrito Federal e aos 5.570 municípios brasileiros. O objetivo é “ajudar os entes federativos no combate à pandemia de coronavírus”. Os valores incluem tanto repasses diretos quanto a suspensão de dívidas.
“A mais abrangente distribuição de dinheiro concebida desde a chegada das primeiras caravelas exibe marcas de nascença suspeitíssimas”, observou Augusto Nunes, colunista da revista OESTE, em seu mais recente artigo. “Parte dos R$ 125 bilhões, por exemplo, será usada pelos governadores ‘para manter a máquina administrativa funcionando’, seja lá o que isso significa, e sem que os governos estaduais ofereçam algo em troca. A fortuna reservada ao duelo com o vírus chinês vai beneficiar tanto municípios assolados pela pandemia quanto os que não contabilizam um só caso confirmado. Resultantes de um confuso cruzamento de estatísticas, as doações feitas a cada município não descartam sequer centavos”.
Um dos exemplos citados por Nunes foi a disparidade das quantias destinadas aos dois menores municípios de São Paulo e Mato Grosso. A paulista Borá, com 837 moradores, receberá R$ 93.619,92. Araguainha, com 935 habitantes, embolsará R$ 257.944,36. Nenhuma das duas cidades registrou até agora um único caso da doença. (Veja abaixo a tabela completa com os 5.570 municípios)
As discrepâncias continuam quando se observa a média per capita por Estado. Enquanto São Paulo, com cerca de 38 mil casos confirmados de coronavírus, receberá R$ 111,85 para cada um dos seus quase 46 milhões de habitantes. Mato Grosso, que registrou até agora pouco mais de 370 pessoas contaminadas pelo vírus chinês, será contemplado com R$ 275,85 por pessoa. O Ceará, com mais de 12 mil doentes, receberá R$ 82,41 por habitante – o menor valor per capita entre os estados.
Como destacou a reportagem de capa da revista OESTE desta semana, o coronavírus ressuscitou a indústria da calamidade pública e são concretos os sinais de roubalheira e desperdício no meio da pandemia. E, como escreveu Nunes, “o Congresso liberou o governo federal para torrar sem insônia nem remorso o dinheiro que não tem”.
Mt bom ver q a Oeste está a cada dia evoluindo na apresentação do conteúdo de suas informações. Continuem assim!