A Polícia Militar (PM) demoliu, na começo desta semana, um resort de luxo no Complexo de Israel, na zona norte do Rio de Janeiro. O imóvel, rodeado por casas simples, estava ligado a Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão — um dos criminosos mais procurados do Estado.
A demolição, que simboliza o combate à ostentação do crime, foi adiada por 15 meses por causa de interferências políticas e vazamentos de informações sigilosas.
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De acordo com o jornal O Globo, o deputado estadual Roosevelt Barreto Barcelos (PRD-RJ), também chamado de Val Ceasa, e o ex-vereador Ulisses Marins (União-RJ) foram citados por postergar a operação da polícia.
Eles teriam visitado o 16º Batalhão da PM para solicitar a não demolição do imóvel de luxo. De acordo com O Globo, os políticos alegaram a existência de um projeto social no local.
A demolição do resort do tráfico no Rio de Janeiro
As discussões para demolir o resort iniciaram-se em reuniões fechadas entre a PM, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Rio (MPRJ). As conversas começaram em novembro de 2023. A operação foi planejada para 14 de dezembro do mesmo ano. Mas foi cancelada.
Em dezembro de 2023, durante uma operação, a PM encontrou uma faixa no local que mencionava um projeto social com os nomes de Val Ceasa, Ulisses Marins e da deputada federal Dani Cunha (União-RJ). Embora o nome de Dani Cunha estivesse na faixa, ela não foi citada como envolvida no pedido para cancelar a demolição.
Influência política na região
A influência política de Val Ceasa e Ulisses Martins na área dominada por Peixão foi confirmada nas urnas. Na eleição de 2022, Val Ceasa foi o mais votado em 30 das 33 seções analisadas na região.
Ulisses Marins, apesar de não ter sido reeleito, foi o mais votado em 22 dos 32 pontos consultados em 2024, com cerca de 10 mil votos provenientes da área.

Em setembro de 2024, os nomes de Val Ceasa e Peixão apareceram em pichações nas proximidades do 16º Batalhão da PM, acompanhados da sigla TCP, que faz alusão à facção criminosa.
A demolição foi finalmente realizada sem a participação da prefeitura. A Polícia Civil informou que não houve a necessidade de usar os equipamentos municipais.