Autor do projeto que determina que as estruturas industriais de empresas que fabricam produtos de uso veterinário possam ser utilizadas na produção de imunizantes contra a covid-19, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) deve visitar na próxima semana pelo menos um dos quatro laboratórios do agro interessados em participar da produção.
No fim do mês passado, como noticiamos, o texto foi aprovado pelo Senado. A proposta agora tem de ser analisada pela Câmara dos Deputados (leia aqui a íntegra).
Os laboratórios interessados são Merck Sharp & Dohme, Ceva Saúde Animal, Ouro Fino e Boehringer. As unidades, já em operação para a imunização do rebanho bovino brasileiro, ficam em Ribeirão Preto (SP), Montes Claros (MG) e Joatuba (MG) — respectivamente da Ouro Fino, da Merck Sharp & Dohme e da Ceva. Há ainda uma quarta planta industrial, em Paulínia (SP), pertencente à Boehringer, mas está desativada neste momento. Nessas três fábricas em funcionamento, foram produzidos 262 milhões de doses de vacinas contra a febre aftosa em 2020.
Leia mais: “O que falta para os laboratórios do agro produzirem vacina contra covid-19”
Segundo Fagundes, essas empresas têm capacidade para produzir, em apenas 90 dias, cerca de 400 milhões de doses de vacinas. Estimativas da Anvisa são um pouco menos otimistas — algo entre 120 e 180 dias. As companhias se comprometeriam a interromper, temporariamente, suas linhas regulares de produção (vacinas contra febre aftosa e raiva, por exemplo) para se dedicar exclusivamente à imunização contra a covid-19.
Como Oeste informou em reportagem especial publicada no dia 21 de abril, para que o projeto, efetivamente, se torne realidade é necessário que haja a transferência de tecnologia para produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Butantan. “É o mesmo princípio da fabricação da CoronaVac [vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac e, no Brasil, pelo Butantan], ou seja, a partir do vírus inativado. Essas três fábricas, após inspeção e a aprovação da Anvisa e também do Ministério da Agricultura, e depois da transferência de tecnologia, poderiam produzir o volume de vacinas de que o Brasil precisaria. Com toda a biossegurança, com condições de produção de 100% do IFA, que hoje nós importamos a custos muito altos e sem a segurança de ter a vacina aqui no Brasil”, explicou Fagundes a Oeste em abril.
Leia também: “Senado autoriza indústria de vacinas animais a produzir imunizantes para humanos”
A iniciativa já conta com o aval de membros da diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — entre os quais o próprio presidente do órgão, Antonio Barra Torres, que classificou a proposta como “possibilidade factível e exequível”. No mês passado, a Anvisa informou a Oeste que “realizou reunião no dia 29 de março com representantes da indústria de produtos veterinários e do Ministério da Agricultura para discutir a viabilidade do uso da indústria veterinária na produção de vacinas e medicamentos para humanos”. Segundo a agência, “o assunto ainda está em análise”.
“Agora está na Câmara dos Deputados. Eu já falei com o presidente Arthur Lira e com algumas lideranças. O meu projeto foi muito aperfeiçoado pelo senador Izalci [Lucas, do PSDB do Distrito Federal, relator do texto]. Espero que a Câmara possa aprovar o mais rápido possível”, disse Fagundes em entrevista à Jovem Pan. “Na semana que vem, estaremos junto com a ministra Flávia Arruda [da Secretaria de Governo] visitando pelo menos um laboratório.” O presidente Jair Bolsonaro, que demonstrou entusiasmo pela proposta de Fagundes, foi convidado a participar da vistoria nos laboratórios, mas ainda não há confirmação sobre sua presença.
Devemos fazer uma visita técnica semana que vem a um desses laboratórios e convidamos o PR @jairbolsonaro já que temos condições de produzir 400 milhões de doses de imunizantes e levar a vacina ao braço do brasileiro #VacinaParaTodos #COVID19 pic.twitter.com/ixmYkcWfAO
— Senador Wellington Fagundes (@sen_wellington) May 4, 2021
Em tempo e louvável o projeto do senador Wellington Fagundes. O Brasil tem know how para isso e muito mais. Mas os nobres parlamentares não se espantem se uma parte dos esquerdopatas forem contra…. os nomes já são conhecidos. Somos e continuaremos a ser o celeiro do mundo.