O sírio naturalizado brasileiro Mohamad Khir Abdulmajid, principal alvo da investigação da Polícia Federal sobre a atuação da organização terrorista Hezbollah no Brasil, tem duas tabacarias em uma região nobre de Belo Horizonte e já foi dono de um restaurante de comida árabe em Brasília.
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As duas tabacarias na capital mineira são administradas pela mulher de Abdulmajid, mas, de fato, pertencem ao sírio, segundo a investigação. Em Brasília, Abdulmajid foi sócio de um pequeno restaurante de comida libanesa na Asa Norte. O Shisha, nome do estabelecimento, é o único CNPJ em nome dele.
“O restaurante foi dele [Abdulmajid] muito tempo atrás. [A investigação] não tem nada a ver com o restaurante. O problema é dele”, disse ao Metrópoles o atual proprietário, que não quis se identificar.
Abdulmajid, procurado pela Interpol, também teria atuação na intermediação de negócios entre empresários do Brasil e do Líbano.
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Abdulmajid virou alvo da polícia brasileira pela primeira vez em 2014. Ele foi acusado de vender bebidas alcoólicas para menores de 18 anos em Minas Gerais. Em 2021, ele passou a ser investigado pela Polícia Federal por contrabando. Entretanto, com o avanço do inquérito, os agentes federais desconfiaram que a venda de produtos ilegais tinha o propósito de financiar atos terroristas do Hezbollah.
“Os indícios de que Mohamad integra o braço paramilitar do grupo libanês Hezbollah e o fato de constarem recentes registros migratórios de todos os citados para o Líbano, associado às evidências de falta de condições financeiras e antecedentes criminais dos brasileiros natos, corroboram com a tese de que estamos diante de uma possível fase de recrutamento de brasileiros para atuações ilícitas, inclusive na hipótese de objetivos terroristas”, diz um trecho da investigação que culminou na Operação Trapiche, para impedir ataques a judeus no Brasil.
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Segundo a decisão judicial que ordenou as prisões na Operação Trapiche, a “análise conjunta dos elementos apurados pela autoridade policial é indiciária de que Mohamad Khir integra o grupo libanês Hezbollah”.
Além disso, investigadores encontraram fotos nas redes sociais nas quais Abdulmajid aparece fardado, em cima de um tanque de guerra, com uma metralhadora, ostentando a condição de soldado do Hezbollah em apoio ao Exército do ditador sírio Bashar Al-Assad, durante a guerra civil, em 2016.
Até agora, três pessoas foram presas na Operação Trapiche.