A Universidade de São Paulo (USP) recebe entre 7 mil e 8 mil alunos idosos por ano por meio do USP60+, programa de extensão voltado aos maiores de 60 anos. É o caso da professora de biologia Neuza Guerreiro Carvalho, que decidiu voltar aos estudos e se inscreveu na instituição.
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O programa oferece cursos e atividades para o público mais velho e permite que os idosos participem de disciplinas regulares das graduações, com os jovens universitários. O Programa Universidade Aberta à Terceira Idade foi criado em 1994, e não há cobranças. De acordo com a USP, é a maior universidade aberta da América Latina.
Neuza trabalhou 30 anos como professora e, depois de se aposentar, decidiu se inscrever e começou a frequentar as aulas e as atividades. Ela participou de mais de 50 formações em dez anos, como história, artes plásticas, sociologia e literatura.
Depois de tantos cursos, a idosa se tornou professora de um dos cursos oferecidos ao público mais idoso pela universidade. Aos 94 anos, vai ministrar o curso de resgate de memórias autobiográficas.
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“Teve época em que fazia cursos de manhã e de tarde”, disse Neuza. “É ótimo para complementar conhecimento, manter a cabeça ativa. Sempre fui viciada em estudar. A verdade é que não tenho tempo para fazer tudo o que tenho vontade.”
Projeto da USP com idosos é inovador
O médico e coordenador do programa, Egídio Dórea, explicou que o projeto é inovador por gerar interatividade entre gerações. O programa possibilita que idosos e alunos jovens possam trocar experiências.
“A ideia do programa USP60+ é fornecer à população acima dos 60 anos oportunidades para o aprendizado ao longo da vida”, disse Dórea. “Sabemos que o aprendizado contínuo é um dos pilares do envelhecimento ativo.”
Os interessados podem fazer a inscrição a partir de 29 de janeiro no site da instituição. O único requisito é ser maior de 60 anos. O programa oferece mais de 200 atividades, como excursões, palestras e aulas de ginástica.
Programa funciona nos campus da USP no interior
Além disso, os alunos também podem participar de disciplinas regulares. O projeto acontece nos campus da capital e do interior: Lorena, Pirassununga, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos.
Para a professora Maria Aparecida Nicoletti, coordenadora do programa de palestras na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, no Butantã, os idosos passaram a fazer parte da comunidade acadêmica. “Eles passaram a nos ver como família, referência de segurança”, disse. “Ajudamos a pagar boletos, acessar a internet, tudo isso”.
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Neuza tem o mesmo sentimento. Viúva há 24 anos, ela mora sozinha, mas disse que não sente solidão. A professora também participa de grupos de leitura e gosta muito de ler.
“Sempre estou atrás de algo diferente, conhecer coisas novas”, comentou Neuza. “Vivo no mundo atual. Embora more sozinha, não me sinto nada sozinha, tenho muitos amigos e interesses.”
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