O aplicativo católico de orações Hallow conquistou o primeiro lugar nas paradas da App Store norte-americana, na Quarta-feira de Cinzas. A data marca o início dos 40 dias da Quaresma. Esses 40 dias celebram o período em que Jesus Cristo passou jejuando no deserto antes de começar seu ministério público.
O aplicativo de oração e meditação foi compartilhado em uma postagem no Twitter/X, em que a empresa comemora sua posição como número 1. Ela também se orgulha de ser o primeiro aplicativo religioso a alcançar o topo.
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“Estamos muito felizes com o poderoso primeiro dia do Pray40 na Quaresma”, diz a postagem. “Mais de 1 milhão de pessoas aderiram ao desafio e iniciaram uma jornada transformadora de oração. Além disso, o Hallow se tornou o primeiro aplicativo religioso a chegar ao topo das paradas da App Store!”
A Hallow mostrou que o aplicativo de oração ultrapassou o Temu, um aplicativo de compras, e o aplicativo de mídia social Threads.
Em outra postagem, a empresa comemorou com bom humor. Afirmou que sua vitória superou empresas, como a Temu, que possui 10 mil funcionários, e a Threads, com 67 mil trabalhadores, enquanto a Hallow possui apenas 85 funcionários “e mais Jesus”.
O aplicativo Hallow, nos Estados Unidos, possui conteúdo lido por estrelas católicas de Hollywood, como Jonathan Roumie, que fez Jesus na série The Chosen, além de Mark Wahlberg, indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo seu papel no filme Os Infiltrados. A versão em português traz a Via Sacra rezada pelo ator Juliano Cazarré.
O Hallow possui conteúdo em diversas línguas, incluindo português, e traz orações, homilias, músicas e cursos, além de conteúdo infantil. Pode servir inclusive como um guia de orações com notificações.
Conteúdo para cristãos
O sucesso do Hallow em um país majoritariamente protestante, como os Estados Unidos, revela uma curiosa demanda: cristãos têm sentido falta de conteúdo, seja filmes, séries, aplicativos, jogos e demais produtos para sua fé.
A maior parte dos produtos das grandes marcas, hoje, para não dizer praticamente a sua totalidade, traz como mensagem subentendida alguma mensagem materialista, quando não abertamente anticristã.
Há alguns fatos que exigem interpretação, como o Google, que comemora, em seu logo inicial, o Doodle, muitas ocasiões, como o aniversário do Pac-Man, os 60 anos de publicação de Stanislaw Lem ou o “Dia da Terra”, mas não comemora o Natal. A empresa alega não fazer menção a datas religiosas.
Na Netflix, há filmes sobretudo com matriz ideológica esquerdista — ou da cultura “woke“, inclusive para o público infantil. No entanto, é quase impossível encontrar um filme cristão, que geralmente são excluídos pelos curadores.
A série The Chosen, que mostra os primeiros momentos da vida de Jesus, faz parte de uma rara lista de exceções.
Outro filme recente sobre o tema foi Nefarious, filme de terror que envolve um diálogo um tanto socrático entre um bem-sucedido psicólogo e um homem condenado à morte, que alega estar possuído por um demônio.
No terreno musical, um exemplo é a bela canção Try That In A Small Town (“Tente fazer isso em uma cidade do interior”, em tradução livre), do cantor country Jason Aldean. A música conta a história de um homem reagindo a um assalto para proteger a sua família. Quatro dias após o lançamento do seu videoclipe, a rede de televisão CMT retirou a música de sua grade, alegando um trecho em que o herói da música usa uma arma para se defender.
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O resultado foi o da música indo parar no primeiro lugar da Billboard Hot 100 norte-americana. Ainda teve a maior semana de vendas de uma música country em mais de 10 anos. O seu videoclipe no YouTube já soma mais de 51 milhões de visualizações.
Logo depois, foi a vez de Rich Men North of Richmond, outra bela música de Oliver Anthony, que também chegou ao primeiro lugar na Billboard Hot 100. A música, que critica a forma como a elite rica é alienada em valores, em relação ao povo, foi citada até no debate presidencial Republicano. Anthony considera uma crítica a ambos os partidos. O videoclipe da música supera 120 milhões de visualizações.
A demanda pela produção cultural com valores da população, ao invés de valores que queiram trocar os valores da população, segue em alta, como o provam o sucesso de tais obras. Ainda há um vasto terreno a ser desbravado.
O consumismo digital é a droga do século XXI e nem a igreja conseguiu escapar !
Que diabólico hein ?