Depois de 45 anos de história, a livraria infantil Malasartes, a mais antiga do Brasil, fechará as portas na próxima quarta-feira, 31, no Rio de Janeiro.
Desde a inauguração, em 1979, no Shopping da Gávea, a livraria foi um ponto de encontro para escritores, ilustradores e crianças. O local se destacou por seu ambiente acolhedor e curadoria cuidadosa.
“Desde o início, criamos um espaço lúdico, com almofadas, cores vibrantes e máquinas de escrever, além de uma curadoria que evitava trabalhar com conteúdos descartáveis”, afirma a jornalista Ana Maria Machado, uma das fundadoras, ao jornal Folha de S. Paulo. “Nunca segmentamos os livros por faixa etária, pois não acreditamos que crianças da mesma idade sejam iguais.”
A Malasartes foi fundada por Ana Maria e pela contadora de histórias Maria Eugênia da Silveira. A psicóloga Renata Moraes juntou-se posteriormente à sociedade.
Depois da saída de Maria Eugênia, Claudia Amorim e Yacy Mattos, irmã e mãe de Renata, também se tornaram sócias.
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Elas oficializaram o nome Malasartes em 1979, quando o cantor Chico Buarque lançou seu primeiro livro infantil, Chapeuzinho Amarelo, na livraria. À época, o lançamento atraiu grande mídia e público.
“O lançamento do Chico foi crucial, com uma cobertura massiva da imprensa, o que ajudou a nos firmar no cenário cultural carioca”, disse Ana Maria.
A crise enfrentada pela Malasartes
A crise das livrarias físicas, agravada pela pandemia de covid-19, impactou a Malasartes, com uma queda de 70% nas vendas durante o isolamento.
A concorrência com plataformas digitais e os altos custos de operação no Shopping da Gávea tornaram o negócio inviável.
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Em 2023, a venda de livros no Brasil caiu 8%, com uma redução de 5% no faturamento das editoras, segundo a Nielsen, a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores.