Somos doutrinados desde a escola a glorificar Machado de Assis e a desprezar José de Alencar. Preconceito. O cearense Alencar (1829 – 1877) sabia – quando estava a fim – contar uma história de forma cativante.
Cinco Minutos, um de seus primeiros romances (de 1856), tem um ritmo que poderia perfeitamente ser adaptado às mídias de hoje. A história é simples. O romance começa (com alguma edição) assim :
“É uma história curiosa a que lhe vou contar, minha prima. Mas é uma história, e não um
romance. Há mais de dois anos, seriam seis horas da tarde, dirigi-me ao Rocio para tomar o ônibus de Andaraí. (…) Chegando ao Rocio, não vi mais ônibus algum; o empregado a quem me dirigi respondeu :
— Partiu há cinco minutos.
Resignei-me, e esperei pelo ônibus de sete horas”.
Quer o destino que no veículo seguinte o narrador se sente ao lado de uma mulher com o rosto coberto por um véu. Pelo resto da história, ele corre atrás dessa mulher e tenta descobrir sua identidade. Mas chega sempre um pouco atrasado. Quando pensa que vai finalmente declarar seu amor a ela, algo acontece e a moça (que se chama Carlota) se distancia de novo.
O final, como não poderia deixar de ser nesse período romântico da literatura, é trágico. Mas Cinco Minutos mantém um sentido de urgência típico de nossa época.Os romances urbanos seguintes de José de Alencar não teriam o mesmo ritmo.