Em seis meses de governo do presidente argentino, Javier Milei, o país registrou a quarta queda consecutiva de inflação, a 8,8%, em comparação a 11% em março. Em abril, o índice acumulado chegou a 289,4%. Esse número tem diminuído com o passar dos meses.
Quando Javier Milei assumiu a Presidência, em 10 de dezembro, a inflação na Argentina estava acima de 200% em 12 meses. No mês anterior, os preços haviam subido pouco mais de 160%.
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À CNN, analistas avaliaram que o “tratamento de choque” proposto por Milei durante a campanha conduz o país na “direção certa” para controlar a economia.
“O governo Milei entendeu que a Argentina estava em uma situação macroeconômica muito complicada”, comenta Camilo Tiscornia, professor de macroeconomia na Pontifícia Universidade Católica da Argentina.
Medidas do “decretaço” de Javier Milei
Quando Milei tomou posse, o governo argentino registrava um déficit primário de quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB). “Por trás do grande problema de inflação da Argentina está o permanente déficit fiscal”, explica Tiscornia. “Então, eliminá-lo, como faz o governo atual, é um passo na direção correta.”
Entre as medidas do “decretaço” de Milei estavam o corte de investimentos na indústria e no comércio, a revogação de leis ambientais e a promoção de políticas que facilitem a privatização de estatais.
Também foram anunciados cortes nos subsídios dos setores de gás, eletricidade, combustíveis e transportes públicos.
Primeiro superávit trimestral
O resultado veio em março: o governo argentino registrou seu primeiro superávit trimestral desde 2008, com um caixa de 275 bilhões de pesos no mês. Houve queda nos gastos públicos.
A atividade econômica no país, contudo, recuou. Em março, a queda foi de 8,4%, na comparação com fevereiro, que marca o 5º mês de retração. Tiscornia explica que esse movimento era esperado, uma vez que, para controlar a inflação, as medidas de Milei num primeiro momento desacelerariam a economia.
Visão internacional e estabilização do câmbio
Jefferson Laatus, estrategista-chefe da consultoria Laatus, afirma que “ainda tem muito o que ser feito para recuperar a economia argentina, mas isso começa a dar bons olhos para o mundo”.
Ele menciona principalmente as medidas do governo voltadas ao câmbio. Em dezembro, foi anunciada a desvalorização de quase 50% do peso ante o dólar. Depois da perda abrupta de valor, as cotações passaram a indicar alguma estabilidade, favorecendo o controle da inflação.
O que diz o FMI
Desde a posse de Milei, o índice S&P Merval disparou mais de 70% e chegou aos 1.659.247,63 pontos, nesta segunda-feira, 3. Em fevereiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou o plano de estabilização de Milei para a economia argentina como “ousado” e “muito mais ambicioso” do que os antecessores.
Os economistas reconhecem que, apesar dos sinais de melhora, a situação inspira cautela pela sua capacidade de manutenção.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística da Argentina estima que 41,7% da população do país estava em situação de pobreza no fim de 2023.
Já um relatório da Universidade Católica da Argentina considera que o nível de pobreza na Argentina atingiu 57,4% em janeiro, o mais alto em pelo menos 20 anos.
Próximos passos para a economia
Além de alguns bons indicadores na economia, o economista Roberto Luis Troster reforça que “os próximos passos são definições além de ajustar o mercado”. “Ele vem fazendo um bom trabalho, mas tem de pensar o que vai fazer para a educação, que é a base do crescimento de um país”, observou o economista.