Em uma nova manifestação à Justiça num processo de produção antecipada de provas movido pelo Bradesco, a Americanas afirma ter “mais evidências de que a antiga diretoria omitia informações sobre a existência de risco sacado”. Trata-se de uma operação em que o banco paga diretamente o fornecedor de produtos, e o varejista assume a dívida com o banco.
Uma dessas evidências, segundo a companhia, é uma planilha levada pela antiga diretoria ao comitê financeiro em novembro de 2022 “e que escondia o volume real das dívidas existentes com os bancos nesta categoria de empréstimo”, disse a varejista, em nota.
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A planilha mostra um grau de endividamento muito inferior ao que consta do quadro geral de credores, anexado ao processo de recuperação judicial. No fim de 2022, a antiga diretoria reportava uma dívida de R$ 17 bilhões, o que corresponde a um terço do montante informado ao Judiciário, de R$ 48 bilhões.
No caso do Bradesco, a planilha mostra uma dívida de R$ 989 milhões, mas, na recuperação judicial, é de R$ 5 bilhões.
Na petição, a Americanas também alega que o Programa de Antecipação de Fornecedores (PAF) não tem relação com o risco sacado, como alega o Bradesco. Implantado no fim de 2021, o PAF é um programa de antecipação de fornecedores com recursos próprios e “não representa dívida junto a bancos, como o Bradesco teve a intenção de qualificar”.
Americanas admitiu fraude em junho e culpou antiga diretoria
A Americanas comunicou em 11 de janeiro um rombo contábil de aproximadamente R$ 20 bilhões. Dez dias depois, pediu recuperação judicial e apresentou uma dívida superior a R$ 40 bilhões. Apenas em 13 de junho, admitiu fraude e atribuiu as irregularidades à antiga diretoria, citando nominalmente os executivos responsáveis pela adulteração de documentos e relatórios.
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“Nenhum dos ex-diretores identificados como participantes da fraude de gestão apresentou nenhuma contraprova que invalide as provas”, afirmou a Americanas na nota divulgada na segunda-feira 18. “A Companhia é a maior interessada no esclarecimento de todos os fatos e reforça que irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”
Na Câmara dos Deputados, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investigou a varejista, mas o relatório foi inconclusivo. Um grupo de parlamentares deve apresentar um relatório suplementar