O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira, 12, a ata da reunião realizada na semana passada e afirmou que o aumento da Selic se mostrava “apropriado diante das condições econômicas correntes e das incertezas prospectivas, refletindo o compromisso de convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de credibilidade”.
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O colegiado elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual, para 11,25% ao ano, na última quarta-feira, 6. “Considerando a necessidade de uma política monetária mais contracionista, o Comitê julgou adequado realizar um aumento de maior magnitude na taxa Selic”, justificou o Copom.
A explicação para a decisão diz que, em virtude das incertezas envolvidas, o comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos.
O grupo fez questão de insistir no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta. A maioria das instituições financeiras já incorporou que outra alta da mesma magnitude deverá ser vista em dezembro, ainda que algumas acreditem que o próximo passo do colegiado poderá ser de aumento da intensidade das altas, para 0,75 ponto porcentual.
Os gastos públicos
A ata do Copom também fala sobre os gastos públicos, afirmando que o crescimento das despesas impacta o aumento de preços. “A percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente vêm tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas.”
A ata também defende uma política fiscal responsável “para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros”.
“Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos, é importante elemento para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. O Comitê incorpora em seus cenários uma desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo e reforça a necessidade da sustentabilidade das regras fiscais.”
Volatilidade de ativos domésticos reflete incertezas domésticas e externas
Na ata divulgada nesta terça, o Copom manteve a avaliação de que o cenário externo segue “desafiador”, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes. “Com relação aos Estados Unidos, permanece grande incerteza sobre o ritmo da desinflação e da desaceleração da atividade econômica”, resumiram os integrantes do Copom.
Em paralelo, de acordo com ele, a possibilidade de mudanças na condução da política econômica também traz adicional incerteza ao cenário, particularmente com possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação. O cenário-base do comitê, conforme a ata, continua sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana.
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O Copom também debateu em maior profundidade a desaceleração chinesa, tentando decompor os aspectos cíclicos e estruturais envolvidos. “Ademais, as respostas fiscais e monetárias recentemente anunciadas podem trazer algum suporte ao crescimento de curto prazo, mas permanecem desafios para o crescimento de médio prazo”, consideraram os membros do colegiado.
Por fim, revelaram que os dados mais recentes de diversos países corroboram um cenário de maior diferenciação nos ciclos de crescimento e inflação à medida que os efeitos do choque global da pandemia se dissipam. “Assim, espera-se menor correlação nas condições financeiras e menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países no futuro.”
Redação Oeste, com informações da Agência Estado
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