Bancos e corretoras alertaram a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre operações suspeitas que envolviam ex-diretores da Americanas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a publicação, o Itaú, o Credit Suisse e a XP Investimentos apresentaram indícios de uso de informações privilegiadas (insider trading) nas negociações, conforme relatórios de investigação.
Procurados pelo Estadão, Itaú, XP e UBS BB, que adquiriu as operações do Credit Suisse, não quiseram comentar o caso. Os ex-diretores negam irregularidades.
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A Operação Disclosure, conduzida pela Polícia Federal (PF), investiga o esquema de fraude na Americanas. A BSM Supervisão de Mercados, uma entidade autorreguladora, forneceu à CVM uma lista extensa de pessoas e empresas envolvidas.
Na lista, constam pessoas jurídicas e diretores da empresa, de acordo com o delegado André Augusto Veras de Oliveira, que preside o inquérito policial na Superintendência Regional da Polícia Federal.
Conforme levantado pelo Estadão, a mais importante das delações à CVM foi feita em 16 de janeiro de 2023 pela Itaú Corretora de Valores S.A., na qual pela primeira vez um banco envolvia diretores da varejista no caso.
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O documento do Itaú revelava que nove diretores da Americanas realizaram operações suspeitas ao longo de 2022. Seis deles, incluindo Miguel Gutierrez, Anna Christina Saicali, e José Timotheo de Barros, foram indiciados por uso de informação privilegiada, crime que pode resultar em pena de um a cinco anos de prisão e multa.
Além da denúncia do Itaú, a CVM relatou ao delegado ter “recebido um comunicado da XP Investimentos relativo à identificação de operações atípicas, por parte de um de seus clientes, com opções do ativo AMER3 antes da divulgação do fato relevante que impactou significativamente o preço do ativo.”
De acordo com apuração da PF, o Credit Suisse, por provocação da XP, foi quem entregou à CVM o histórico de operações atípicas realizadas pela Clave Gestora de Recursos Ltda.
A Clave alegou na época que sua decisão de apostar na queda do valor das ações da Americanas era “fruto da revisão do cenário macroeconômico, que passou a ser de manutenção de juros altos e queda da atividade”, e que era um investimento como muitos outros feitos e comuns a uma gestora de ativos.
Embora citada pelo delegado, a Clave não constou do pedido de buscas da operação, nem foi procurada para esclarecimentos por parte da CVM. Esse pedido se limitou a descrever a atuação de 14 ex-diretores da varejista e a pedir buscas em 15 endereços de ex-diretores relacionados ao rombo na rede de varejo.
Foi somente depois do Credit Suisse e do Itaú que, no dia 20 de janeiro, a BSM Supervisão de Mercados enviou à CVM um relatório de análise preliminar sobre as pessoas físicas anteriormente informadas.
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Americanas diz acreditar na Justiça
Em nota enviada ao Estadão, a Americanas afirmou que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”.
A empresa diz ainda acreditar na Justiça e “aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”
A defesa de Miguel Gutierrez afirmou, também em nota à reportagem, que o ex-CEO “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.
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Os advogados de Anna Saicali afirmaram que, “desde o início das investigações, Anna atendeu a todas as convocações das autoridades (Polícia Federal, Comissão de Valores Mobiliários e da Comissão Parlamentar de Inquérito)”.
“Sempre esteve e continuará à disposição da Justiça, confiando que a verdade prevalecerá, comprovando-se que jamais participou de qualquer ilegalidade”, diz a defesa de Anna.
A defesa dos ex-diretores da Americanas José Timotheo de Barros, Marcio Cruz Meirelles, Fabio Abrate, Carlos Eduardo Padilha e João Guerra não se manifestou até o momento.