O recente aumento significativo do dólar, que atingiu seu maior valor desde março de 2020, indica preocupações do mercado em relação à capacidade do governo federal do Brasil de equilibrar suas contas.
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A moeda norte-americana encerrou a última sexta-feira, 1º, cotada a R$ 5,86. Essa teve início depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informar que o esperado pacote de ajustes fiscais ainda não tem data definida para ser apresentado.
A desvalorização do real não é o único sinal de inquietação do mercado. O aumento nos juros futuros também é um indicativo, com as taxas que ultrapassam 13% pela primeira vez desde o início do atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A seguir, estão cinco aspectos que o mercado considera preocupantes para as contas do governo federal.
Alta do dólar
O dólar alcançou seu maior nível em 4 anos na última semana, em meio a incertezas sobre os futuros ajustes fiscais. O mercado financeiro aguarda há semanas um anúncio do governo federal sobre contenção de gastos, previsto para ser apresentado depois do segundo turno das eleições municipais, realizado no último domingo de outubro (27).
Desempenho da bolsa do Brasil
O mau desempenho da bolsa brasileira, que apresentou uma desvalorização de 19% em dólar, é outro reflexo do clima de descontentamento no mercado. Em uma lista de 20 mercados, o Ibovespa só não teve desempenho pior que o mexicano IPyC, que caiu 25,46%.
Taxa de juros elevada
As expectativas em relação à política fiscal do governo Lula têm influenciado as taxas de juros, que ultrapassaram 13% pela primeira vez em quase dois anos. Algumas taxas na curva de juros chegaram a perto de 13,30%, não vistas desde março de 2023.
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A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,32%, e contratos mais longos, como o de janeiro de 2028, encerraram em 13,24%.
Aumento dos gastos públicos
O crescimento dos gastos públicos e as promessas do governo para ajustar as contas geram descontentamento no mercado. A nova regra de gastos, aprovada em 2023, aboliu o teto de gastos. Ela também permitiu que as despesas do governo cresçam de 0,6% a 2,5% acima da receita do ano anterior.
Economistas alertam que muitas despesas aumentam além desses limites, o que pode comprometer a sustentabilidade fiscal.
Aumento da dívida pública do Brasil
O crescimento da dívida pública do Brasil também levanta preocupações. Em agosto, a dívida atingiu 78,5% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 78,4% do mês anterior. A expectativa é que essa trajetória continue.
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Um relatório da Instituição Fiscal Independente prevê que a dívida bruta do governo pode chegar a 80% até o fim do ano. A análise, que inclui Estados e municípios, sugere que a dívida crescente pode comprometer o espaço fiscal e aumentar o risco de uma crise de confiança, além da necessidade de ajustes fiscais rigorosos.