Um conflito empresarial entre João Appolinário, fundador e diretor-executivo da Polishop, e seu sócio, Carlos Marcos de Oliveira Neto, contribuiu para a crise financeira que levou ao pedido de recuperação judicial da empresa, aceito pela Justiça paulista no fim de maio. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou a informação nesta sexta-feira, 5.
Appolinário revelou ao Estadão que Oliveira Neto, que possuía 50% da Polishop e atuava como diretor de operações, se opôs ao plano de reestruturação, que incluía cortes e a criação de franquias. A pandemia, o aumento dos custos de locação em shoppings e as dificuldades de produção na China agravaram a situação.
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Os sócios resolveram o conflito há cerca de três meses com a redução da participação de Oliveira Neto para menos de 3%.
“Eu tinha um sócio operador na empresa que deveria tocar a companhia como deveria”, disse Appolinário. “Virou uma briga societária que se acabou neste ano. Foi um desencaixe na sociedade, de não querer fazer aquilo que a empresa precisava fazer, que era um corte radical.”
Há alguns anos, a Polishop lançou seu modelo de franquias. A implantação da estratégia estava prevista para o início de 2023, se não fosse o conflito.
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“Isso tudo aprofundou um momento de crise, porque o projeto vai muito bem, as margens são muito boas, o negócio é totalmente viável pelo modelo de negócio”, explicou Appolinário.
Em 2019, antes da pandemia, Appolinário propôs mudanças na Polishop, o que iniciou o conflito. “Durante a pandemia, se acalmou a situação”, disse Appolinário. “A gente precisou fazer a coisa acontecer juntos. E, depois, voltou a discussão. Ele disse que não queria mais estar na empresa.”
Sócio rejeita venda da Polishop
Appolinário chegou oferecer uma tentativa de compra da participação do sócio. Porém, Oliveira Neto rejeitou a proposta.
“Às vezes você precisa chegar a uma situação ruim para poder aceitar”, contou Appolinário. “Foi feito um aumento de capital. Ou ele comparecia com o investimento, ou não. E quem compareceu fui eu, que fiz um aumento de capital. Ele não acompanhou, e a participação foi diluída de 50% para menos de 3%.”
Appolinário mencionou a necessidade de aumentar as marcas próprias, que representaram 49% do faturamento em 2023, com a meta de chegar a 90% até 2030.
“Ele sempre foi o cara que operava a empresa no dia a dia”, disse Appolinário. “O responsável fiscal, o responsável legal, o cara que operava a empresa.”
Segundo o empresário, a recuperação judicial não afetará a expansão via franquias. A Polishop reduziu a dívida com bancos de R$ 270 milhões, em janeiro de 2022, para menos de R$ 60 milhões.