Depois de registrarem lucros recordes durante a pandemia, as montadoras de automóveis agora enfrentam uma crise marcada por demissões e fechamento de fábricas. A Nissan decidiu dispensar 9 mil trabalhadores, enquanto a Volkswagen estuda fechar fábricas na Alemanha, algo inédito na história da marca.
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Na Stellantis, a queda nas vendas levou à saída de seu presidente-executivo, Carlos Tavares, na última semana. As dificuldades são o resultado de transições tecnológicas dispendiosas, instabilidade política e pressão crescente de fabricantes chineses, que têm se destacado no mercado global.
Impacto da normalização do mercado para as montadoras
Durante a pandemia, a escassez de semicondutores permitiu que as montadoras elevassem os preços de seus veículos. No entanto, essa situação se normalizou, e o mercado voltou ao cenário pré-pandêmico, com muitas fábricas em produção abaixo da capacidade.
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A rentabilidade das empresas foi afetada pelo aumento da concorrência chinesa. Marcas como BYD e Chery estão entrando no mercado internacional com veículos de qualidade e preços competitivos, pressionando montadoras ocidentais em países como Austrália, Tailândia e até o Brasil.
Intensificação da concorrência chinesa
Na China, onde as montadoras estrangeiras antes tinham uma forte presença, suas vendas estão caindo. A Volkswagen, por exemplo, viu suas vendas reduzirem em 10% nos primeiros nove meses do ano. BMW e Mercedes-Benz também relataram quedas significativas, que afetam seus lucros.
Nos Estados Unidos, a GM anunciou que espera um impacto de mais de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 30,2 bilhões) por causa da reestruturação de suas operações na China. Para enfrentar esses desafios, algumas montadoras estão buscando alianças estratégicas com empresas chinesas.
Alianças estratégicas com empresas da China
A Volkswagen está desenvolvendo novos modelos em parceria com a Xpeng para o mercado chinês. A Stellantis adquiriu uma participação na Leapmotor e começou a vender os veículos elétricos da empresa na Europa.
Na avaliação de Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Centro de Investigação Automóvel em Bochum, na Alemanha, “os chineses estão ganhando espaço de mercado, e os alemães, perdendo”.
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