O dólar abriu em forte alta nesta sexta-feira, 8, impulsionado por dados de inflação acima das expectativas e pela indefinição quanto ao pacote de cortes de gastos do governo Lula (PT). Às 10h06, a moeda norte-americana registrava avanço de 1,36%, negociada a R$ 5,75. Nesta quinta-feira, 7, o dólar fechou em R$ 5,67, enquanto a Bolsa de Valores recuou 0,50%, atingindo 129,6 mil pontos.
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial da inflação brasileira, subiu para 0,56% em outubro, comparado a 0,44% registrado em setembro.
Analistas consultados pela Bloomberg esperavam uma alta de 0,54%, com projeções que variassem entre 0,48% e 0,65%. Com o novo índice, a inflação acumulada em 12 meses alcançou 4,76%, ante 4,42% até setembro e 4,82% no mesmo período do ano anterior. O mercado estimava uma taxa de 4,74%.
O IPCA é um parâmetro central para a meta de inflação perseguida pelo Banco Central, que fixou o objetivo em 3% para 2024 com uma margem de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Assim, o índice precisa se manter entre 1,5% e 4,5% até dezembro. Caso contrário, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá de justificar o descumprimento ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e apresentar estratégias para realinhar a inflação.
Cenário inflacionário deve continuar a elevar a taxa de juros
O estrategista de investimentos Marcelo Bolzan analisou o cenário inflacionário e afirmou que o Copom deve manter a trajetória de elevação da taxa de juros. Segundo ele, ainda existem incertezas quanto ao ritmo desse ajuste. Na quarta-feira 6, o Copom elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 11,25% ao ano, conforme previsto pelo mercado. Economistas interpretam a decisão como um reflexo das incertezas sobre a inflação, a política fiscal e o contexto internacional.
O IPCA de outubro sofreu influência do aumento no preço da energia elétrica, com alta de 4,74%. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) havia acionado a bandeira tarifária vermelha no patamar 2, o que elevou o custo para R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
As preocupações fiscais também afetam as expectativas sobre a inflação. O mercado aguarda o anúncio do pacote de cortes de gastos do governo, prometido para outubro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiou uma viagem a São Paulo para acompanhar o processo.
Pacote de corte de gastos do governo Lula contribuiu para dólar subir
Na quinta-feira, rumores sobre cortes entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões fizeram o dólar alcançar a marca de R$ 5,72. O Ministério da Fazenda, porém, emitiu uma nota em que nega esses valores.
Ao longo da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Haddad e outros membros do governo discutiram o pacote de cortes de gastos com as pastas afetadas. Entre os participantes, estavam ministros como Rui Costa, da Casa Civil, e Simone Tebet, do Planejamento. Também participaram os titulares das áreas de Previdência, Trabalho, Saúde e Educação.
Analistas estimam que o governo precise realizar um corte de gastos entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Esse corte seria necessário para atender às expectativas do mercado e garantir o equilíbrio fiscal.
No cenário internacional, a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas pode levar a um período de dólar forte e juros elevados. Esse cenário exigirá que o Brasil tome medidas fiscais mais rigorosas para controlar a inflação.