Os ex-executivos da Americanas responsáveis pela fraude na empresa teriam forjado assinaturas. A Polícia Federal (PF) apura o caso e divulgou detalhes da investigação nesta sexta-feira, 5.
De acordo com o portal UOL, as investigações revelaram um esquema complexo usado por ex-executivos para falsificar resultados e manipular o mercado de capitais. Os diretores da empresa elaboravam mensalmente um “kit fechamento” com receitas falsas. Em agosto de 2019, por exemplo, um prejuízo de R$ 46,9 milhões foi transformado em lucro líquido de R$ 18,3 milhões.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
Nas últimas semanas, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra 14 ex-executivos das Americanas. Entre eles, estavam Miguel Gutierrez, Anna Saicali e Carlos Padilha.
Leia também:
Havia mandados de prisão para dois ex-diretores. A polícia prendeu Miguel Gutierrez na Espanha, mas o liberou. A defesa afirma que ele não participou de fraudes. Anna Saicali teve seu passaporte apreendido ao retornar ao Brasil. Os advogados alegam que ela “jamais participou de qualquer ilegalidade”.
Outro foco da fraude eram as operações de risco sacado, que não eram computadas como dívidas. Os ex-executivos registraram empréstimos no campo “fornecedores”, sem detalhar credores, prazos ou custos. Eles registravam despesas de frete e pessoal como investimentos.
Ex-executivos da Americanas lançavam valores fraudulentos
Para dificultar auditorias, aumentavam-se as linhas no sistema e lançavam-se valores menores fraudulentos. Históricos de lançamentos eram alterados para evitar chamar a atenção dos auditores.
Os ex-executivos criaram dartas de Verba de Propaganda Cooperada (VPC) fictícias, com falsificação de assinaturas de terceiros. As empresas usam as VPCs para destinar dinheiro às filiais, que usam os valores em propagandas e marketing.
Em mensagens de WhatsApp, Flávia Carneiro, outra ex-executiva da varejista, reclamou de assinaturas idênticas em duas cartas: “Embora seja a mesma pessoa ela não posicionaria a assinatura exatamente igual na linha destinada a assinatura”.
Mensagens internas discutiam as expectativas do mercado. Flávia Carneiro perguntou a Fabien Picavet, outro ex-Americanas, sobre o crescimento ideal, ao que ele respondeu: “Mais. Aceleração… 10% seria lindo”.
Depois do anúncio de nova gestão, em agosto de 2022, ex-executivos venderam R$ 288 milhões em ações. Miguel Gutierrez vendeu R$ 171,8 milhões, Anna Saicali, R$ 59,6 milhões; e José Timotheo de Barros, R$ 20,7 milhões.
As investigações continuam com inquéritos abertos pela PF. Há processos da Comissão de Valores Monetários. Dois dos ex-executivos da Americanas, Flávia Carneiro e Marcelo Nunes firmaram acordos de colaboração premiada.