Em depoimento na terça-feira 22 aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas, o ex-presidente da companhia Sergio Rial relatou como descobriu as “inconsistências contábeis” na empresa, falou sobre o crescimento excessivo da loja digital e defendeu os principais acionistas de qualquer envolvimento na fraude.
Ele classificou a descoberta das inconsistências como “um soco no estômago”. “No dia 4 de janeiro, dois diretores vieram me explicar o que tinha acontecido. Achava que fosse dívida bancária”, declarou. “Os diretores me disseram que a dívida não foi reportada. A empresa tinha um patrimônio de R$ 16 bilhões e uma dívida de R$ 36 bilhões. Foi um soco no estômago. Informei os departamentos necessários e comecei as diligências.”
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Rial ficou apenas nove dias no cargo. Ele pediu demissão em 11 de janeiro, depois de reportar os problemas financeiros da companhia. Dez dias depois, a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial. Segundo o ex-presidente, o acionista Carlos Alberto Sicupira estava na sala de reunião no momento da revelação.
Questionado pelos deputados da CPI sobre a eventual participação de Sicupira e dos outros dois principais acionistas da Americanas, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, nas fraudes, Rial disse que não viu indícios de que o trio tivesse conhecimento prévio das inconsistências. Segundo ele, também não houve menção à fraude ligada a verbas de publicidade nos nove dias que presidiu a companhia. Os deputados da CPI pretendem ouvir o trio de acionistas da Americanas.
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O ex-presidente da Americanas também falou à CPI que o aumento explosivo dos negócios on-line da Americanas foi mal administrado e levou a prejuízos. “A empresa transacionava R$ 170 milhões de produtos on-line, com muita logística. O on-line acabou asfixiando as lojas físicas, que eram rentáveis”, declarou.
Ex-diretora da Americanas que fez delação permaneceu em silêncio
A ex-superintendente de Controladoria Flávia Carneiro compareceu à CPI na terça, mas conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) e permaneceu em silêncio sobre temas que pudessem incriminá-la. A executiva fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, segundo O Globo.
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Rial considerou o acordo positivo. “Olhando a apresentação do Leonardo Coelho [atual presidente da Americanas], você vê uma fraude multidimensional. Com as duas delações feitas, deverá haver elementos contundentes do que se fazia na empresa”, declarou.
O culpado é o povo.
Como naqueles romances antigos tipo Agatha Christie, o culpado por alguma coisa era sempre o mordomo. Agora vai sobrar para o contador. Aguardem.